Macroeconomia


COPOM Julho 2024

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Rafaela Vitória

Publicado 31/jul1 min de leitura

Copom mantém a Selic em 10,50%

Em linha com a expectativa, o Copom manteve a Selic em 10,50% pela segunda reunião consecutiva. Em seu comunicado, o tom foi de cautela, ressaltando a necessidade de manter a política monetária em território contracionista até que se consolide o processo de desinflação. Os próximos passos da política monetária vão depender da evolução do cenário, principalmente a reancoragem das expectativas, mas a indicação do comunicado é de manutenção da taxa no atual patamar restritivo por mais tempo.

No balanço de risco, o Copom manteve os fatores da reunião anterior, mas incluiu entre os riscos de alta a “conjunção das políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário”, que resulta da desvalorização cambial. A avaliação do impacto da política fiscal permanece fora do balanço de riscos, mas o Copom ainda ressalta a necessidade do compromisso com a sustentabilidade da dívida pública para a reancoragem das expectativas. A projeção do BC para a inflação de 2024 subiu de 4,0% para 4,2%, e de 3,4% para 3,6% para 2025. O Copom manteve o cenário alternativo, que seria a manutenção da Selic em 10,50% até 2025, e que resultaria em IPCA em 3,4% para 2025, ou seja, uma convergência mais rápida da inflação.

Mantemos nossa expectativa de manutenção da Selic em 10,5% por um prazo prolongado. Uma eventual alta de juros poderia ser considerada caso ocorra uma reaceleração da inflação e piora nas expectativas, o que poderia ser resultado de nova deterioração fiscal, como revisão das metas e impacto no câmbio. Por outro lado, uma retomada dos cortes em 2025 continua no radar caso o governo volte a apresentar controle do crescimento de gastos públicos, em linha com o cumprimento da meta fiscal, o que iria beneficiar a trajetória de desinflação, bem como aliviar o prêmio de risco nos ativos, incluindo o câmbio.

Fed mantêm a taxa de juros inalterada

O Fed manteve a taxa de juros inalterada sem fornecer sinal explícito de corte em setembro. Entretanto, o comunicado apresentou algumas mudanças relevantes. O Fed dá a entender que o mercado de trabalho é um ponto de atenção, deixando de vê-lo como aquecido e ressaltando que, agora, os ganhos estão moderados. Além disso, chamou atenção para a alta na taxa de desemprego, o que não acontecia nos comunicados anteriores. A visão sobre a inflação também mudou, agora vista com menor pressão. Por outro lado, havia grande expectativa de que o Fed pudesse indicar um sinal mais claro sobre o corte em setembro, mas a sinalização permaneceu mais vaga, indicando que o início dos cortes depende de uma maior confiança de que a inflação tenha caminhado de maneira significativa em relação à meta.

Na coletiva de imprensa, entretanto, o Presidente do Fed indicou com maior clareza a possibilidade de um corte já em setembro, afirmando que o comitê está se convencendo de que uma redução na taxa de juros é apropriada, inclusive afirmando que houve discussão entre os membros se deveriam cortar já na reunião de hoje. De toda forma, o cenário mantém-se inalterado. O Fed se mostra mais preocupado com a desaceleração mercado de trabalho e a continuidade do seu enfraquecimento deve criar as condições para o primeiro corte nos juros na próxima reunião. Powell inclusive disse que não acha que o mercado de trabalho precisa deteriorar ainda mais para garantir a convergência da inflação à meta. Até a reunião de setembro haverá mais duas leituras de inflação e duas de taxa de desemprego. O que o Powell deu a entender é que, mantida a tendência atual, o FOMC irá iniciar o ciclo de cortes na próxima reunião, em setembro.


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