Copom acelera ritmo de alta
O Copom acelerou novamente o ritmo de alta da Selic para 100 p.b. Além disso, indicou mais duas altas de 100 p.bpara as próximas reuniões, o que levaria a Selic a 14,25%. Trata-se de um decisão bastante hawkish, considerando o atual cenário de juro real já bem restritivo e o desvio da meta relativamente baixo para a magnitude de aperto contratada.
O cenário de incerteza permanece elevado e, de fato, observamos uma deterioração tanto nas expectativas como na inflação corrente desde a última reunião. No entanto, a elevação das expectativas de inflação para 2025 e 2026 refletem, na maior parte, a falta de credibilidade na condução da política fiscal, principalmente após a frustração com o pacote de medidas de ajuste anunciado. Um ajuste fiscal mais robusto é fundamental para a reancoragem das expectativas e até lá, teremos uma elevação do custo da política monetária, cujo impacto pode ser uma maior desaceleração da economia.
Em meio à maior incerteza fiscal e o processo de transição do comando do Banco Central, o Copom mostra firme objetivo de reancorar as expectativas e seu compromisso com a convergência da inflação à meta. Com a taxa de juros mais restritiva, podemos ver uma estabilização do câmbio e um desaquecimento maior da demanda, resultando em uma queda da inflação maior que a esperada. Esse cenário pode ser beneficiado caso o compromisso do governo com o ajuste fiscal também seja reforçado, o que poderia inclusive abrir espaço para cortes de juros em 2025. Por outro lado, o cenário de juro real extremamente restritiva e a maior volatilidade da política monetária também apresenta riscos, elevando a trajetória da dívida e, na ausência de um ajuste fiscal mais contundente, perdendo ainda mais potência no combate à inflação.
Após a decisão de hoje, esperamos que o Copom eleve a Selic a 14,25% e mantenha nesse patamar ao longo de 2025, enquanto não houver desaceleração mais significativa da inflação corrente e das expectativas.