Macroeconomia


COPOM Dezembro 2023

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Rafaela Vitória

Publicado 13/dez

Resumo

O Copom cortou a Selic novamente em 0,50 p.p., em linha com a expectativa, e manteve a indicação de novos cortes de mesma magnitude nas próximas reuniões.

Copom reduz a Selic em 0,50 p.p. para 11,75%

O Copom cortou a Selic novamente em 0,50 p.p., em linha com a expectativa, e manteve a indicação de novos cortes de mesma magnitude nas próximas reuniões. Mesmo com a continuidade da tendência de desinflação, principalmente nas medidas mais sensíveis à política monetária, como serviços, o Copom ainda ressalta a cautela e deve seguir com a taxa Selic em patamar contracionista considerando a ainda desancoragem das expectativas. A melhora no cenário externo também foi reconhecida, mas não alterou o plano de voo do comitê. A Selic termina 2023 em 11,75%, com corte acumulado de 200 p.p. no ano, mas uma postura mais conservadora da autoridade monetária diante da melhora no cenário.

Apesar da melhora no cenário externo e uma queda mais acentuada da inflação corrente, o Copom manteve inalterado o balanço de riscos e a necessidade de “serenidade e moderação”, considerando a ancoragem apenas parcial das expectativas de inflação de longo prazo. Nas suas projeções, o BC reduziu a expectativa para o IPCA para 4,6% em 2024 e para 3,5% em 2024, se aproximando um pouco mais do centro da meta. O comunicado também manteve de fora do balanço de riscos a discussão fiscal. No entanto, o Copom ainda ressalta a importância da execução da meta – já estabelecida – na ancoragem das expectativas.

Expectativa para os próximos passos do Copom

Apesar do cenário mais benigno, tanto externo como a dinâmica inflacionária atual, o Copom manteve a indicação de cortes de 50 p.b. para as próximas reuniões, sem apontar espaço para maior flexibilização. Nesse cenário, a política monetária deve continuar restritiva por um período ainda prolongado. Já a magnitude do corte total que pode ser feito nesse ciclo segue indefinida e vai depender além da já observada evolução benigna, das expectativas, mais sensíveis às mudanças na política fiscal. Por outro lado, o cenário externo, que agora aponta para cortes nas taxas de juros lá fora já no primeiro semestre de 2024, pode ampliar o espaço de redução na taxa Selic nesse ciclo. Mantemos nossa projeção da taxa chegando a 9% no segundo semestre de 2024 com um viés de baixa, caso o cenário externo mais benigno se confirme o risco fiscal não se materialize, permitindo a continuidade da trajetória de convergência do IPCA para próximo do centro da meta até 2025.

Fed mantém a taxa e indica cortes em 2024

Na última reunião do ano, o Fomc manteve a taxa de juros inalterada no atual intervalo de 5,25% e 5,50%, em linha com a expectativa. No entanto, na revisão trimestral das projeções, o comitê trouxe novas estimativas mais baixas para inflação e juros para 2024 em diante. Segundo a mediana das expectativas, o Fomc espera agora um corte de 75 bps na taxa básica ao longo de 2024. De fato, na entrevista, o presidente J. Powell admitiu a discussão sobre cortes de juros pelo comitê no futuro próximo, confirmando o tão esperado pivot na política monetária americana.

Os dados recentes de queda da inflação, tanto ao consumidor como ao produtor, indicam que a inflação segue em tendência de queda e o Fed está confortável com o nível de aperto monetário alcançado. Por outro lado, os dados de atividade permanecem robustos, principalmente o mercado de trabalho, o que ainda pode indicar riscos para uma queda mais lenta da inflação ao longo de 2024 e atrasar o início da redução dos juros. Na visão do Fed, segue o cenário base de soft landing, a continuidade da desinflação combinada com a desaceleração da atividade. O risco de recessão permanece no radar, mas com menor probabilidade.

O comunicado do Fed trouxe surpresa para os mercados que reagiram de maneira positiva, com queda forte nas taxas de juros longos, tanto reais como nominais. O mercado precifica quedas mais significativas que o indicado nas projeções dos membros do Fomc, com o primeiro corte já em março e a taxa próxima de 4% no final do ano, demonstrando uma confiança maior no cenário de convergência da inflação para a meta. Essa visão mais otimista pode sofre algum revés ao longo dos próximos meses caso o ritmo de queda da inflação seja mais lento e a atividade permaneça mais aquecida que o antecipado.


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