A balança comercial teve superávit de US$ 34,3 bilhões no primeiro semestre de 2022
O saldo é 7,3% menor que no mesmo período em 2021, puxado pela menor exportação da indústria extrativa. As exportações no primeiro semestre de 2022 somaram U$ 164,1 bilhões, 15,5% acima de 2021. Os setores da indústria da transformação e agropecuária contribuíram positivamente, crescendo respectivamente 27,7% e 31,4%. Já a indústria extrativa contraiu 6,7% no período.
O setor exportador de commodities agrícolas foi fortemente beneficiado pela aceleração dos preços no período.
A exportação de café cresceu 57,9% e de soja, 22,7% na comparação com o semestre anterior. Contudo, acreditamos que esse movimento de apreciação das commodities agrícolas tenha se esgotado e para o segundo semestre veremos uma maior estabilidade nos saldos de exportação do setor.
Na indústria extrativa, o segmento petróleo também foi beneficiando pela elevação dos preços no mercado internacional, com elevação de 29%. Por outro lado, o minério de ferro teve o recuo de 31,3% nas exportações. Além da forte base de comparação, a cotação de minério teve seu pico em junho de 2021 quando ultrapassou $200/tonelada, a produção industrial e a construção na China passam por retração em virtude das medidas de contenção da Covid.
As importações somaram U$ 129,8 bilhões no primeiro semestre do ano, 33,7% de alta em relação a 2021.
O crescimento também foi sustentado pela alta de preços, principalmente derivados de petróleo, diesel e gasolina, e fertilizantes. Em contrapartida, o índice quantum para importações teve queda de 8,8% no semestre.
O valor da importação de adubos e fertilizantes subiu 178% e a importação de petróleo e derivados 122%. Nos primeiros meses do ano, ainda tivemos a elevação das importações de gás (126%) para as térmicas, o que deve ser menor no segundo semestre do ano.
Apesar do crescimento de 15% nas exportações totais do Brasil, para a China, houve queda de 11,5% no semestre
A participação chinesa no total de exportações brasileiras caiu 5,8 p.p. para 28,7%, recuo mais significativo da série. A desaceleração da demanda da China é bastante atípica e foi puxada principalmente pela queda das exportações de minério.
No setor de agropecuário, houve um aumento de 17,3% no valor exportado, enquanto o quantum recuou 12,4%, com destaque para a soja. Já a indústria extrativa teve queda no valor e quantidade exportada, -20,3% e -11,6% respectivamente. O recuo de 32,6% na exportação de minério de ferro reflete a menor demanda da China.
Em julho, a balança comercial registrou superávit de US$ 5,44 bilhões
O valor ficou abaixo das expectativas US$ 7 bilhões, mas com forte crescimento da corrente de comércio de 31% em relação a julho de 2021. O resultado das exportações foi de US $29,95 bilhões, crescimento de 23%, explicado pela queda de 4,7% no quantum exportado e no aumento de 12,2% no índice de preços.
O setor de agropecuária teve crescimento de 40,2% em relação ao mesmo mês do ano anterior, beneficiado pelos preços favoráveis dos grãos, com destaque para a soja, milho e café. A indústria de transformação, sustentada pela variação positiva de quantum e preços, avançou 33,2%. Já a indústria extrativa contraiu -5,6%, pressionada pela queda 43,5% no preço do minério de ferro, ainda reflexo da desaceleração da atividade econômica da China.
As importações somaram US$ 24,51 bilhões em julho.
Em comparação ao mesmo período do ano anterior, o crescimento foi de 41,6%, explicado por aumentos no volume exportado e preços, de 8,7% e 26,3% respectivamente.
Na análise setorial, importações da indústria extrativa cresceram 109,6%, mantendo a forte tendência dos meses anteriores. Destacamos o aumento de importações de fertilizantes brutos (139,3), fertilizantes químicos (170,1%) e óleos combustíveis (157,3%).
Perspectivas para o 2º semestre
Apesar da queda de cerca de 15% do pico de junho, as commodities ainda tem alta de 30% em relação a 2021. A expectativa de redução da demanda global, com o aperto monetário em curso, impactou as cotações das commodities, no entanto, o índice CRB atual ainda é 30% superior à média de 2021. Com isso, esperamos que a balança comercial brasileira mantenha desempenho positivo e o superavit comercial deve ficar próximo de U$60 bi no ano.