Atividade volta a crescer em setembro
Após uma desaceleração no mês anterior, a atividade voltou a apresentar forte desempenho em setembro. Indústria e serviços apresentaram crescimento acima do esperado, com taxas positivas bem disseminadas entre os setores. Já o varejo apresentou uma alta mais moderada, com uma desaceleração do crescimento em 12 meses, mas tende a ter bons resultados no último trimestre com estímulos de black friday e festas de fim de ano. Com a retomada do ciclo de alta nos juros esperamos uma desaceleração no próximo ano, após forte crescimento do PIB em 2024 que deve ser próximo de 3%. Para o mês de setembro, esperamos uma alta de 0,5% para o IBC-Br.
Indústria avança 1,1% em setembro
A produção industrial apresentou um crescimento de 1,1% no mês de setembro, alta de 3,4% frente a setembro do ano anterior. O resultado veio acima das expectativas, puxado pela produção de derivados de petróleo que cresceu 4,3% no mês, seguido de produtos alimentícios com alta de 2,3%. No total, 12 dos 25 ramos pesquisados tiveram taxas positivas e 3 das 4 grandes categorias, com o índice de difusão subindo para 48%.
Os bens de capital foram destaque entre as categorias, com alta de 4,2%, ficando no campo positivo na variação acumulada nos últimos 12 meses pela primeira vez desde novembro de 2022. Os bens de consumo duráveis foram o único grupo com variação negativa no mês (-2,7%), resultado da queda da produção de máquinas, equipamentos eletrônicos e outros equipamentos de transporte, o que pode indicar uma desaceleração na oferta de crédito ligado ao setor.
A indústria segue com forte crescimento no ano, com tendência de aceleração nos últimos 12 meses para uma alta de 2,6%, e um crescimento 3,1% acima do período de janeiro a setembro do ano anterior, contribuindo para o forte crescimento econômico que observamos ao longo desse ano. Com a alta da taxa de juros a perspectiva para a indústria é menos favorável, mas a demanda atual segue positiva e sustentando a continuidade de crescimento no curto prazo. O crescimento no trimestre ainda foi robusto de 1,6% e esperamos uma desaceleração para o último trimestre do ano.
Comércio varejista varia 0,5% em setembro
O volume de vendas no varejo cresceu 0,5% em setembro, bem abaixo da expectativa do mercado de 1,4%, e teve alta de 2,1% ano contra ano. Nos últimos 12 meses o índice passou de crescimento de 4% para 3,9%, primeira desaceleração em 10 meses, e no acumulado no ano cresce 4,8%.
As contribuições positivas foram altas de 3,5% nos produtos de uso pessoal, 2,3% em combustíveis, 0,3% em supermercados e 1,6% em farmacêuticos, com bens de consumo essencial sendo predominantes no desempenho positivo, enquanto móveis, vestuário, informática e comunicação e livrarias apresentaram queda no mês. Esse padrão vem sendo observado ao longo do ano, sendo supermercados e farmacêuticos as atividades que vem sustentando o alto crescimento frente ao acumulado no mesmo período do ano passado. No varejo ampliado, que engloba itens de atividades mais cíclicas, o índice cresceu 1,8%, puxado pela alta de 6,6% na venda de veículos acompanhando o avanço das concessões de crédito a veículos, além da variação de 1,1% em materiais de construção. Com isso, o índice ampliado avança para 3,8% em 12 meses, com crescimento de 4,5% acumulado no ano.
Mesmo com desempenho ainda robusto, uma desaceleração nos últimos 12 meses mostra um enfraquecimento no setor, em linha com a desaceleração esperada na atividade nos próximos meses passado o período de estímulos fiscais e em um cenário de taxas de juros mais elevadas. O crescimento do trimestre foi de 0,3%, uma desaceleração em relação a alta de 1,5% no segundo trimestre, e ainda devemos observar o varejo crescendo no último trimestre do ano devido às épocas de black friday e festas de fim de ano.
Serviços crescem 1% em setembro
O volume de serviços em setembro variou 1% após queda no mês anterior, resultado acima da expectativa de 0,7%. Com isso, o setor alcança novo recorde da série histórica, avançando 4% frente a setembro de 2023. O acumulado em 12 meses acelerou para 2,3% após 2 meses de estabilidade, e o crescimento no ano é de 2,9%.
O resultado do mês foi influenciado pelos serviços mais ligados à oferta, com serviços profissionais sendo a principal contribuição com alta de 1,4%. Transportes (0,7%) e informação e comunicação (1%) também tiveram forte impacto positivo no índice, enquanto outros serviços foram os únicos com queda no mês (-0,3%).
Os serviços prestados às famílias avançaram 0,4%, desacelerando em comparação a agosto quando cresceu 0,9%. O resultado foi fruto da forte alta do subgrupo outros serviços prestados às famílias, que avançou 16,5%. Nesse subgrupo constam diversas atividades de lazer, como cinema, que em setembro teve a semana do cinema com desconto em diversas sessões. Por outro lado, os serviços de alojamento e alimentação recuaram 1,2% no mês, uma forte desaceleração frente a alta de 0,9% em agosto. Portanto, apesar da alta do grupo, o desempenho dos serviços prestados às famílias sugere uma demanda por serviços menos aquecida.
No ano contra ano, o forte crescimento foi puxado pelos serviços de TI, técnicos e telecomunicações, que vem contribuindo para o dinamismo no setor de serviços observado em 2024. O bom desempenho do setor não é uma surpresa para os empresários, que vem apresentado otimismo devido à demanda ainda aquecida. O setor continua mostrando resiliência levando a uma forte geração de emprego e contribuindo para o crescimento da atividade no país. A alta dos serviços no trimestre foi de 1,3%, acima dos 0,5% no 2º trimestre, mas com o novo cenário de juros mais elevados esperamos que a dinâmica mostre alguma retração no próximo ano, ainda que lenta.