Macroeconomia


Atividade | Outubro 2024

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Luana Bretas

Publicado 12/dez2 min de leitura

Atividade mantém resiliência em outubro

Ainda observamos um crescimento robusto da atividade, com varejo e serviços apresentando resultado acima do esperado. Apenas indústria ficou no campo negativo, mas com crescimento disseminado entre a maioria dos setores. No entanto, o que observamos esse mês foi uma desaceleração dos grupos de serviços e varejo que têm forte relação com a demanda e que vem sendo destaques de crescimento no ano, indício do desaquecimento esperado para a economia para o próximo ano. Para o mês de outubro, com o crescimento da atividade ainda resiliente, esperamos uma alta de 0,3% do IBC-Br.

Indústria varia -0,2% em outubro

Após 2 meses de alta, a produção industrial recua 0,2%. Em relação a outubro de 2023 a indústria apresentou uma alta de 5,8% e continua em crescimento acelerado nos últimos 12 meses, passando para 3%. Apesar do resultado negativo, no desagregado ainda se observa uma robustez do setor, com 19 dos 25 ramos industriais apresentando crescimento na produção em outubro e índice de difusão subindo para 76%.

O resultado negativo foi fortemente impactado pela queda de 2% da produção de derivados de petróleo e biocombustíveis, grupo com 3º maior peso no índice. O desempenho pior que o esperado na produção de combustíveis pode ser explicado pelo recuo de 0,2% nas indústrias extrativas. Em outubro, a extração de petróleo foi quase 6% menor que a de setembro devido a algumas paralisações na produção do Campo de Búzios e Tupi. No campo positivo, as maiores contribuições vieram de veículos (7,1%), vestuário (14,1%) e produtos químicos (2,8%). A produção de veículos cresceu 29,9% frente a outubro de 2023, sendo a principal contribuição para o forte crescimento da indústria ano contra ano e vem sendo o principal grupo a contribuir no crescimento de 3,4% acumulado no ano.

Entre as grandes categorias, os bens de consumo duráveis tiveram o melhor desempenho com alta de 4,4% e os bens semi e não duráveis foram os únicos com queda (-0,7%). Os bens de capital cresceram 1,6% no mês, avançando para 4% de alta nos últimos 12 meses, sendo um dos destaques de crescimento no PIB do 3º trimestre. O forte desempenho da indústria no ano, impulsionado por boas perspectivas no início do ano e demanda aquecida, deve começar a se arrefecer em 2025 em meio a um cenário mais desafiador e juros mais restritivos, o que já vem sendo observado na queda da confiança dos empresários do setor.

Serviços crescem 1,1% em outubro

O resultado veio bem acima da expectativa e o setor de serviços atingiu novo recorde da série histórica, com um crescimento acumulado no ano de 3,2% frente ao mesmo período de 2023 e de 2,7% nos últimos 12 meses.

Entre as 5 atividades pesquisadas, apenas 2 apresentaram alta, sendo a maior influência para o resultado positivo vinda do setor de transportes, com alta de 4,1% no mês, +8,7% do transporte de passageiros e +1,5% do transporte de cargas. Os serviços profissionais, administrativos e complementares foram o outro grupo a apresentar crescimento, 1,6% no mês, enquanto informação e comunicação e os outros serviços tiveram queda de 1% e 1,4%, respectivamente. Já os serviços prestados às famílias ficaram próximos da estabilidade, com uma variação de -0,1%, e os dados dos últimos 3 meses para esse grupo foram revisados para baixo. Na variação ano contra ano o setor cresceu a uma taxa de 6,3%, puxado pelo forte crescimento dos serviços técnicos-profissionais (13,8%), TI (11,1%) e transporte aéreo (34,4%).

O forte resultado de outubro puxado pelo setor de transportes reflete a alta de 4,7% nas atividades turísticas. No mais, observamos um enfraquecimento em atividades como informação e comunicação e serviços prestados às famílias, o que sugere um arrefecimento da demanda que deve levar a um menor crescimento para o próximo ano, em linha com nossas expectativas e com a confiança dos empresários do setor, que apresentam piores perspectivas de forma disseminada para os próximos meses em meio a um cenário de bastante volatilidade, alta de juros e deterioração cambial.

Vendas no Varejo variam 0,4% em outubro

O resultado do varejo também veio bem acima da expectativa e o crescimento nos últimos 12 meses avançou para 4,4%. A variação anual foi de 6,5% e, no ano, o índice acumula um crescimento 5% superior ao período de janeiro a outubro de 2023.

O crescimento foi influenciado pela forte alta de 7,5% em móveis e eletrodomésticos. Das oito atividades pesquisadas, apenas duas apresentaram queda em outubro, sendo elas produtos farmacêuticos (-1,1%) e artigos de uso pessoal (-1,5%), grupos que vêm sendo os principais contribuintes para o forte crescimento do varejo no ano, atrás apenas de supermercados, que teve uma variação próxima da estabilidade no mês (0,3%).

No varejo ampliado, que inclui veículos, materiais de construção e atacado alimentício, o crescimento foi de 0,9% em outubro e 8,8% frente a outubro de 2023, avançando para alta de 4,3% em 12 meses e com um acumulado no ano de 4,9%. Veículos foram o grupo de maior influência para o resultado, com alta de 8,1% no mês e 14% ano contra ano. A venda de veículos também tem sido destaque no ano, com linhas de crédito alcançando crescimento de 31,7% nos últimos 12 meses.

O crescimento acima do esperado do varejo foi influenciado por itens mais sensíveis ao crédito, o que não é algo sustentável considerando o encarecimento do crédito após alta da Selic em 100 p.b. e mais duas contratações de alta de mesma magnitude. Nessa reta de final do ano ainda observamos a atividade resiliente, mas indícios de desaquecimento já começam a aparecer com recuo de itens mais relacionados à demanda das famílias.


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