Macroeconomia


Atividade | Março 2024

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Luana Bretas

Publicado 14/mai2 min de leitura

Atividade cresce no primeiro trimestre do ano

Os três principais setores cresceram no primeiro trimestre de 2024. A indústria apresenta uma alta ainda modesta, abaixo das expectativas do mercado, enquanto varejo e serviços mostram resultados melhores que o esperado. O crescimento em todos os setores vem sendo puxado pelo lado da demanda, reflexo do aumento dos salários nesse início de ano e do mercado de trabalho aquecido. Nossa expectativa para o IBC-Br é de um avanço em 0,32% no mês e 1,39% no trimestre.

Produção industrial teve alta de 0,9% no mês

A produção industrial cresceu 0,9% em março, abaixo das expectativas do mercado de 1,4%.Nos últimos 12 meses, o crescimento desacelerou para 0,7%, e em relação a março de 2023 houve queda de 2,8%. Comparado ao mesmo trimestre do ano anterior, a indústria cresceu 1,9% no primeiro trimestre do ano. Os dados de fevereiro foram revisados de uma queda de 0,3% para alta de 0,1% e com esse resultado a média móvel trimestral ficou estagnada.

Apesar da alta no mês, o índice de difusão piorou, caindo de 52% para 20%, com apenas 5 dos 25 ramos industriais apresentando crescimento na produção. O principal contribuinte positivo foi a indústria alimentícia (1%), seguido de têxteis (4,5%) e impressão (8,2%). Já do lado negativo, a produção de veículos, que tem peso relevante no índice total, teve queda de 6%. Equipamentos eletrônicos também contribuíram negativamente com queda de 13,3% e indústria química recuou 2%.

Dentre as grandes categorias econômicas, destaque para bens intermediários e de consumo semi e não duráveis, com respectiva alta de 1,2% e 0,9%. Já bens de capital caíram 2,8% e bens de consumo duráveis tiveram queda de 4,2%. Observamos o crescimento da indústria no mês puxado pelo lado da demanda, refletindo o crescimento da economia recentemente mais forte pelo consumo das famílias, mas ainda houve um crescimento disseminado no primeiro trimestre do ano, com exceção de bens de capital, que apresentam queda de 10,7% nos últimos 12 meses.

Vendas no varejo ficam estáveis em março

O resultado veio melhor que o esperado pelo mercado, que era -0,3%. Após 3 meses sem quedas, a média móvel trimestral avançou para 1,2%. Houve alta de 5,7% comparado a março de 2023 e de 2,5% nos últimos 12 meses. No primeiro trimestre do ano, o volume de vendas no varejo cresceu 5,9% comparado ao mesmo período do ano anterior.

Houve uma queda disseminada no mês em 7 das 8 atividades, com maiores contribuições de móveis (-2,4%), itens de supermercados (-0,3%), informática e comunicação (-8,7%) e combustíveis (-0,6%). O único grupo no campo positivo foi o de farmacêuticos, com crescimento de 1,4%. No varejo ampliado, que inclui veículos, materiais de construção e atacado de alimentos, houve queda de 0,3% no mês, reduzindo a aceleração acumulada em 12 meses de 3,6% para 2,9%. O grupo de veículos apresentou queda de 1,4% e construção caiu 0,4% em março. O índice ampliado subiu 4,6% no trimestre, mas teve uma queda anual de 1,5%.

A melhora esperada para o crédito esse ano ainda não se materializou, com alteração das expectativas para um ritmo de queda de juros mais lento, o que impacta negativamente o desempenho do comércio para os itens mais sensíveis ao crédito. No acumulado em 12 meses, apenas itens de supermercado, farmacêuticos e outros artigos de uso pessoal apresentaram melhora, bens ligados à demanda e mais sensíveis à renda.

Volume de serviços avança 0,4% em março

O volume de serviços cresceu 0,4%, acima da expectativa de 0,2%. Com esse resultado, o crescimento em 12 meses desacelerou de 2,2% para 1,4% e a média móvel trimestral permaneceu estável. Em relação a março de 2023 houve queda de 2,3% e o acumulado no trimestre comparado ao mesmo período do ano anterior foi de 1,2%.

Entre as 6 atividades pesquisadas, 5 apresentaram alta enquanto os outros serviços ficaram estáveis, com uma recuperação dos serviços ligados à oferta nesse mês. O maior impacto no resultado do mês veio de serviços de informação e comunicação (4%), seguido de serviços profissionais (3,8%). O grupo de serviços prestados às famílias cresceu 0,6%, sendo o único mostrando aceleração nos últimos 12 meses, puxado pelo avanço em alojamento e alimentação, que variaram 9% em relação a março do ano passado e 5,8% no trimestre comparado ao mesmo trimestre de 2023. Já transportes, que apresentam maior peso no índice, apresentaram queda de 4,23% no trimestre, puxado principalmente pelo transporte aéreo.

Apesar do resultado acima das expectativas, o setor de serviços mostra uma tendência de desaceleração nos últimos 12 meses, mas com uma resiliência nos serviços de alojamento e alimentação, confirmando o crescimento da atividade mais puxado pela demanda das famílias, sustentado pelo aumento da renda e mercado de trabalho aquecido. A inflação de serviços está com crescimento de 4,6% em 12 meses, acima da meta, o que é mencionado pelo BC como fator de risco para o cenário de inflação e um dos motivos de cautela no processo de corte na taxa de juros.


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