Atividade surpreende em março e apresenta resultados robustos
Em março, todos os setores apresentaram crescimento acima do esperado. A produção industrial cresceu após dois meses consecutivos de retração, influenciado pelo bom desempenho da indústria automotiva em março. Os serviços voltaram a crescer, refletindo a melhora dos serviços administrados e de transportes. Por fim, o varejo também veio mais forte em março, refletindo a recuperação dos setores de informática e veículos, ainda efeito de normalização de oferta. Com os resultados do primeiro trimestre, devemos ter um PIB melhor que o esperado, especialmente porque o setor agropecuário tem tido desempenho forte. Entretanto, convém lembrar que a desaceleração do crédito ainda não foi inteiramente transmitida para a atividade real, o que deve acentuar ao longo desse segundo trimestre. Com isso, mantemos nossa expectativa de desaceleração gradual da atividade nos próximos meses, refletindo piores condições de crédito, menor demanda e a política monetária em patamar excessivamente restritivo.
Produção industrial avançou 1,1% em março
Variação veio acima do esperado pelo mercado, encerrando dois meses consecutivos de queda. Na comparação com março de 2022, o indicador avançou 0,9%. Com esses resultados, o acumulado no ano chega a -0,4% e o acumulado nos últimos 12 meses ficou estável (0,0%). O setor sofre com a baixa demanda interna e externa, além da política monetária em patamar altamente contracionista, mas em março mostrou recuperação principalmente dos bens de capital e intermediários.
Crescimento da indústria foi disseminado. Três das quatro grandes categorias econômicas e 16 dos 25 ramos pesquisados tiveram variação positiva. Entre as atividades, as influências positivas mais importantes vieram de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis, máquinas e equipamentos e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos. Por outro lado, entre as atividades com recuo na produção, artigos de vestuário foi a que mais destacou, que queda de 4,7%, interrompendo três meses consecutivos de crescimento.
Entre as grandes categorias econômicas, destaque para bens de capital e intermediários. O primeiro avançou 6,3%, após desempenho fraco em janeiro e fevereiro. Já os bens intermediários avançaram 0,9%, intensificando o avanço observado em fevereiro. Esse último foi influenciado pelo bom desempenho da indústria automotiva em março.
Varejo avança 0,8% em março
Mercado esperava queda de 0,8% no volume de vendas. Varejo se mostra bastante robusto nesse primeiro trimestre. Frente a março de 2022, o comércio varejista cresceu 3,2%, acumulando alta de 1,2% nos últimos doze meses e de 2,4% no ano.
Na versão ampliada, o resultado do varejo foi positivo em 3,6%. Comparadas a março de 2022, as vendas do varejo ampliado avançaram 8,8%. Nos últimos 12 meses, o varejo ampliado acumula queda de -0,2%, melhorando frente ao resultado de fevereiro.
Apesar do bom resultado, o desempenho não foi homogêneo. Quatro das oito atividades tiveram taxas negativas, com destaque para vestuário que recuou 4,5%. No destaque positivo tivemos equipamentos e material de escritório avançando 7,7%. Já no comércio varejista ampliado, Material de construção variou 0,2%, enquanto Veículos e motos, partes e peças cresceu 3,7%.
Resultado surpreende positivamente. Com desempenho de 2,4% no primeiro trimestre desse ano, varejo se mostra bastante resiliente, o que deve ensejar mudanças nas expectativas do PIB para o 1o trimestre. Destaca-se a aparente imunidade do setor, até o momento, à desaceleração na concessão de crédito, principalmente no varejo ampliado, que é mais dependente de crédito. Porém, cabe lembrar que os efeitos da contração devem se tornar mais intensos a partir de abril, o que piora a perspectiva para o setor.
Volume de serviços surpreende positivamente e avança 0,9 % em março
Mercado contava com um avanço de 0,5% em março. Com esse resultado, o setor se encontra 12,4% acima do nível pré-pandemia e 1,3% abaixo do ponto mais alto da série histórica, observado em dezembro de 2022.
Na série sem ajuste sazonal, frente a março de 2022, o volume de serviços avançou 6,5%, sua 25a taxa positiva consecutiva. O acumulado em doze meses passou de 7,8% em janeiro para 7,4% em março de 2023, menor resultado desde setembro de 2021 (6,8%). Por outro lado, no primeiro trimestre desse ano o setor avançou 5,8%.
Três das cinco atividades investigadas avançaram em março. Destaque para os setores de transportes (3,6%) e de serviços profissionais, administrativos e complementares (2,6%). Na ponta negativa, destaque para os serviços prestados às famílias, que recuou mais uma vez, recuando 1,7%, indicando que o consumo segue mais baixo, seguindo o aperto monetário, o que pode ser positivo para a queda da inflação à frente. De fato, o deflator do setor está em cerca de 5% no acumulado dos últimos 12 meses, abaixo dos patamares de 7% observado na inflação de serviços ao consumidor.