Vendas no varejo sustentam atividade em maio
A atividade desacelerou no mês de maio, mas vendas no varejo tiveram crescimento robusto. Fatores como melhora na concessão de crédito às pessoas físicas e mercado de trabalho aquecido explicam o sustento do comércio e os auxílios financeiros às famílias providenciados pelo governo após o desastre ambiental no RS contribuíram para o crescimento de vendas de produtos essenciais. Ainda assim, queda na indústria e estabilidade nos serviços vão em linha com o desaquecimento esperado da atividade devido ao aperto monetário. Nossa expectativa para o IBC-Br é de estabilidade no mês.
Produção Industrial cai 0,9% em maio
A indústria teve queda de 0,9% em maio, menor que antecipada pelo mercado (-1,6%). Foi a primeira diulgação após o desastre ambiental no RS e o resultado sugeriu um impacto menos intenso que o esperado. A alta acumulada nos últimos 12 meses arrefeceu para 1,3% e houve queda de 1% comparado a maio de 2023. No acumulado no ano o crescimento cedeu 1 p.p. e está em 2,5%, resultado ainda robusto, mas esperamos que a tendência de queda continue e a produção encerre o ano com alta de 1,5%.
O índice de difusão caiu para 36% ante 72% em abril, com queda em 16 das 25 atividades pesquisadas. O principal impacto negativo veio de veículos, que tiveram queda de 11,7% no mês, seguido de indústria alimentícia, caindo 4%. No campo positivo tivemos a indústria extrativa (2,6%) e derivados de petróleo (1,9%), recuperando parte da queda observada em abril. Entre as grandes categorias econômicas a queda foi disseminada, mais intensa em bens de consumo duráveis (-5,7%). Os bens de capital voltaram a apresentar resultado negativo (-2,7%) disseminado entre os itens de produção, mas ainda mostram uma redução do ritmo de queda nos últimos 12 meses.
O resultado do mês diverge da confiança dos empresários da indústria, que está positiva devido a boas perspectivas para demanda com bom desempenho do mercado de trabalho e melhora na renda. Contudo, o impacto das taxas de juros elevadas tende a reduzir o ritmo de crescimento da atividade e podemos observar novas quedas ao longo do segundo semestre do ano.
Vendas no varejo crescem 1,2% em maio
O volume de vendas no varejo cresceu 1,2% em maio, bem acima da expectativa do mercado de queda de 0,9%. Esse foi o 5º resultado positivo consecutivo e reflete a força do varejo na atividade econômica esse ano, que já acumula alta de 5,6%. Comparado a maio de 2023 o índice cresceu 8,1%, parte pela base de comparação fraca, e a tendência altista dos últimos 12 meses se intensificou, avançando para 3,4%.
O resultado foi impactado pelo crescimento de 0,7% dos itens de supermercado, que representam mais da metade do índice cheio. Vestuário e Outros artigos de uso pessoal também influenciaram positivamente com alta de 2% e 1,6%, respectivamente. As atividades que tiveram resultado negativo no mês foram combustíveis (-2,5%), móveis e eletromésticos (-1,2%) e itens de informática e comunicação (-8,5%). Na métrica de varejo ampliado houve crescimento de 0,8% em maio, mesmo com queda de 2,3% em veículos e 1,2% em móveis, reflexo do impacto positivo que os itens de supermercado têm apresentado no comércio.
O crescimento da atividade varejista diverge das expectativas para o setor do comércio, que apresentaram piora em junho e encerram o primeiro semestre em estabilidade. Os impactos negativos esperados após o desastre ambiental no RS não foram observados. Pelo contrário, os auxílios financeiros providenciados pelo governo contribuíram para o crescimento de vendas de produtos essenciais. Além disso, o setor se beneficiou com a melhora na concessão de crédito às pessoas físicas, aumento do número de pessoas ocupadas e da massa salarial real.
Volume de Serviços fica estável em maio
O resultado veio melhor que o consenso do mercado de queda de 0,7%. Comparado a maio de 2023 a alta foi de 0,8% e o índice mostrou crescimento desacelerando tanto no acumulado em 12 meses de 1,3%, quanto no acumulado no ano de 2%, 2.8 p.p. abaixo do acumulado de janeiro a maio em 2023. Em média móvel trimestral o resultado é de uma variação ainda positiva de 0,3%.
Serviços prestados às famílias foram o principal impacto positivo, com alta de 3%, seguido de serviços profissionais que cresceram 0,5%. As outras três atividades ficaram no campo negativo, com destaque para queda de 1,6% nos transportes, que representam o maior peso no índice. Informação e comunicação e Outros serviços caíram 1,1% e 1,6%, respectivamente. No acumulado no ano, serviços de TI, técnicos e de telecomunicações são as maiores influências positivas enquanto armazenagem e trasnporte aéreo e de cargas puxam pelo lado negativo.
A confiança nos serviços encerrou o semestre com piora e o resultado de maio reflete a perda de fôlego do setor. Os serviços prestados às famílias sustentam o lado otimista, mas a incerteza no cenário e pausa no ciclo de queda de juros impactam negativamente, apesar de emprego e renda com resultados positivos.