Macroeconomia


Atividade | Junho 2024

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Luana Bretas

Publicado 14/ago2 min de leitura

Ritmo forte em junho

No primeiro semestre do ano setores da atividade apresentam forte crescimento. A indústria teve o maior desempenho em junho superando todas as expectativas, resultado esse que se deve em parte ao retorno da produção interrompida no RS no mês anterior, e segue em expansão mesmo em um cenário de taxas de juros elevadas. O setor de serviços que vinha mostrando alguma acomodação surpreendeu nesse último mês do semestre e vem sendo puxado pelas atividades de TI e comunicação. Já o varejo tem sido o setor de maior destaque apesar da queda em junho, sustentado pelo bom desempenho de emprego e renda no país. Com todos os setores superando as expectativas do início do ano, esperamos um crescimento do PIB ao final do ano mais próximo de 2,5%. Para o mês de junho, projetamos uma alta de 1,2% do IBC-Br.

Indústria avança 4,1% em junho

A produção industrial no Brasil avançou 4,1% em junho, muito acima das expectativas, maior variação desde julho de 2020. O resultado se deu pela recuperação das atividades paralisadas com as chuvas no RS. Com isso, a indústria recupera a perda do mês anterior e acumula alta de 2,6% ano, recuperando aceleração nos últimos 12 meses.

O crescimento foi disseminado entre 16 das 25 atividades pesquisadas, com difusão aumentando de 36% para 64%. Derivados de petróleo (4%), produtos químicos (6,5%) e alimentícios (2,7%) foram as principais contribuições positivas no mês, enquanto do lado negativo tivemos queda de 5,5% em outros equipamentos de transporte e 4,1% em artefatos de couro. A indústria alimentícia apresentou alta de 4,7% no ano, representando o maior impacto positivo no crescimento de 2,6% da indústria geral no primeiro semestre do ano.

Todas as grandes categorias econômicas tiveram alta no mês e apresentam crescimento anual acima da média histórica. O destaque foram os bens de consumo, mas realçamos também os bens de capital, que vêm reduzindo as perdas acumuladas nos últimos 12 meses, sendo a categoria com maior crescimento acumulado no ano (5%). A recuperação da indústria está em linha com a alta confiança das empresas, devido à melhora contínua e gradual dos estoques, resiliência da atividade e dinamismo do mercado de trabalho.

Serviços crescem 1,7%

O volume de serviços avançou 1,7% em junho, acima da expectativa de 0,8%, atingindo o maior nível da série histórica. Ainda assim, no acumulado em 12 meses os serviços apresentam desaceleração, variando 1%, com maior impacto negativo vindo dos serviços de armazenagem e correio. No primeiro semestre do ano o índice cresceu 1,6% comparado com o mesmo período de 2023, puxado pelos serviços de TI com alta de 6,8%, seguidos de telecomunicações (5,2%) e serviços técnicos (6,7%).

Em junho, todos os 5 grupos pesquisados apresentaram variação positiva, com destaque para o setor de transportes (1,8%) e informação & comunicação (2%), setores mais ligados à oferta de serviços, enquanto serviços prestados às famílias que foram os únicos com crescimento em maio mostraram estabilidade (0,3%). O impacto no crescimento de transportes veio por parte do transporte de passageiros, enquanto transporte de cargas ficou no campo negativo. A alta de 6,2% no transporte de passageiros vai em linha com o crescimento de 3,4% das atividades turísticas, com destaque para o estado do RS que recuperou perda anterior de 32% devido aos impactos das chuvas e cresceu 8,5% em junho, um reflexo da expansão do setor de turismo que se beneficiou com a recente depreciação do câmbio.

Com o resultado do mês, o índice de média móvel trimestral tem um crescimento de 0,5%, mostrando aquecimento da economia no curto prazo, em linha com os bons níveis de emprego e renda que vem sustentando a demanda. Por outro lado, a resiliência da atividade acaba preocupando o BC quanto ao processo desinflacionário, motivo para sua postura de maior cautela e interrupção do ciclo de corte de juros, o que acaba reduzindo a confiança no setor de serviços.

Comércio varejista teve queda de 1%

O volume de vendas no varejo recuou 1% em junho, primeira queda no ano e maior que a esperada pelo mercado de 0,2%. Já em comparação com junho de 2023 houve uma alta de 4%. Apesar da queda na margem, o desempenho do varejo no primeiro semestre do ano foi 5,2% maior que o do mesmo período de 2023 e o crescimento acumulado em 12 meses mostrou aceleração para 3,6%.

Entre as 8 atividades pesquisadas, 4 apresentaram resultado negativo, com destaque para queda de 2,1% nas vendas em supermercados, que apresenta peso maior que 50% no índice. Os outros artigos de uso pessoal que incluem grupos como lojas de departamentos, brinquedos ,artigos esportivos e joalheiras, também contribuíram negativamente com queda de 1,8%. Já no campo positivo as maiores variações vieram de móveis (2,6%) e itens de farmácia (1,8%).

Já o varejo ampliado apresentou estabilidade (0,4%), ante expectativa de alta de 1,3% pelo mercado. Vendas nos supermercados e comércio em atacado foram os determinantes para esse resultado, uma vez que os grupos de veículos e móveis apresentaram alta de 3,9% e 2,6%, respectivamente. As vendas dos veículos foram 11,5% maiores em junho de 2024 do que em junho de 2023, sendo o grupo de principal impacto positivo no desempenho do varejo ampliado tanto no ano (4,3%) como no últimos 12 meses (3,5%).

A queda observada em supermercados pode estar relacionada com a base fraca de comparação do estado do RS, que é a UF de 4º maior peso no índice. Em maio, as vendas nos supermercados no estado tiveram expansão de 19% comparada a maio de 2023, fruto dos auxílios fornecidos pelo governo para recomposição das famílias que sofreram com o desastre provocado pelas chuvas, o que sugere a queda de junho um resultado de uma normalização.

Observamos o resultado negativo no mês influenciado pelos itens mais sensíveis à renda, com queda estimada de 1,1%, enquanto os grupos com maior influência do crédito cresceram 3,7%, um resultado contrastante com bons níveis de emprego e renda e piora nas concessões de crédito à PF em junho. De qualquer forma, o desempenho do varejo tem sido um dos maiores destaques no ano, com alta de 1,5% no 2º trimestre que leva a uma melhora na confiança para o setor.


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