Macroeconomia


Atividade | Janeiro 2023

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André Valério

Publicado 17/abr

Atividade apresenta sinais mais claros de desaceleração

Com todos os dados setoriais de janeiro, temos uma visão mais clara da desaceleração da atividade. Dos três principais setores apenas varejo teve alta, de 3,8%, entretanto, tal resultado foi reflexo do efeito base de dezembro, quando o indicador apresentou forte recuo. Considerando o varejo ampliado, o aumento no volume foi de apenas 0,2%. Cabe ressaltar que o varejo ampliado é amplamente dependente da disponibilidade de crédito, portanto, esse componente deve piorar nos próximos meses dada o aprofundamento da contração de crédito. Por outro lado, o destaque negativo foi o volume de serviços, que recuou 3,1%, muito além das expectativas. O resultado foi reflexo de uma piora dos serviços de transporte, em particular o aéreo, que recuou quase 6% na comparação com dezembro. Para os próximos meses a expectativa é de continuidade do enfraquecimento da atividade, com os efeitos da contração de crédito se intensificando.

Produção industrial recuou 0,3% em janeiro

Variação veio em linha com a expectativa do mercado. Na comparação com janeiro de 2022, o indicador avançou 0,3%. Com esses resultados, o setor ainda se encontra 2,3% abaixo do patamar pré-pandemia e 18,8% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011. O setor sofre com a baixa demanda interna e externa, além da política monetária em patamar altamente contracionista.

Desaceleração da indústria atingiu três das quatro grandes categorias econômicas. Com queda de 4,2%, bens de capital assinalou a taxa negativa mais acentuada em janeiro de 2023, intensificando a perda de 1,6% registrada em dezembro de 2022. Os segmentos de bens de consumo duráveis (-1,3%) e de bens intermediários (-0,8%) também apontaram redução na produção, com o primeiro eliminando parte do crescimento de 5,3% acumulado nos dois últimos meses de 2022; e o último marcando o segundo mês seguido de queda e acumulando perda de 1,5% nesse período. Por outro lado, o setor produtor de bens de consumo semi e não duráveis (0,1%) apontou o único avanço em janeiro de 2023, permanecendo, assim, com o comportamento predominantemente positivo iniciado em outubro de 2022 e acumulando nesse período ganho de 2,3%.

Perspectiva para fevereiro é de desaceleração. Em fevereiro, a produção de veículos foi a menos para um mês de fevereiro nos últimos 7 anos. Além de ser um mês curto e com carnaval, diversas fábricas deram férias coletivas para seus funcionários devido à baixa demanda. Uma vez que a produção automotiva tem grande peso sobre a produção industrial brasileira, devemos observar uma contração no resultado de fevereiro.

Varejo surpreende com crescimento de 3,8%

Mercado esperava alta de 3,2% no volume de vendas. Frente a janeiro de 2022, as vendas do comércio varejista cresceram 2,6%, sua sexta alta consecutiva. O acumulado nos últimos 12 meses (1,3%) superou o de dezembro (1,0%).

Na versão ampliada, o resultado do varejo foi de apenas 0,2%. Comparadas a janeiro de 2022, as vendas do varejo ampliado cresceram 0,5%. Nos últimos 12 meses, o varejo ampliado acumulou queda de -0,5%, resultado próximo ao de dezembro (-0,6%).

Volume de vendas em sete das oito atividades que compõem o varejo apresentaram alta em janeiro. Destaque para o comportamento de tecidos, vestuário e calçados (27,9%) e material para escritório informática e comunicação (7,4%). A única atividade em queda foi Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria, que recuou 1,2%.

Resultado de janeiro deve ser lido com cautela. O forte crescimento no volume de vendas no varejo foi fruto principalmente do efeito base de comparação com dezembro, quando o volume recuou 2,6%. Portanto, a perspectiva para os próximos meses não é tão positiva. Quando olhamos para o varejo ampliado, altamente dependente da disponibilidade de crédito, vemos o setor com dificuldades que devem se intensificar nas próximas leituras devido ao aprofundamento da contração de crédito na economia brasileira. Sendo assim, devemos observar um comportamento heterogêneo no setor, com o varejo restrito tem melhor desempenho, enquanto o varejo ampliado se enfraquece.

Volume de serviços surpreende negativamente e recua 3,1% em janeiro

Mercado contava com uma variação positiva de 0,2% em janeiro. Apesar do resultado, o setor se encontra 10,3% acima do nível pré-pandemia e 3,1% abaixo do ponto mais alto da série histórica, observado em dezembro de 2022.

Na série sem ajuste sazonal, frente a janeiro de 2022, o volume de serviços avançou 6,1%, sua 23ª taxa positiva consecutiva. O acumulado em doze meses passou de 8,3% em dezembro de 2022 para 8,0% em janeiro de 2023, menor resultado desde setembro de 2021 (6,8%).

Três das cinco atividades investigadas recuaram em janeiro. Destaque para os setores de transportes (-3,7%) e de outros serviços (-9,9%), com o primeiro eliminando o ganho de 3,2% observado nos dois últimos meses do ano passado; e o segundo devolvendo integralmente a expansão de 9,4% verificada em dezembro último.


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