Todos os setores: indústria, varejo e serviços apresentaram crescimento no mês.
Em conjunto, os dados apontam para crescimento do PIB de 0,3% em relação a março e 2,5% em relação ao mesmo mês no ano anterior. Apesar de cenário desafiador, devido à taxa de juros já em patamar contracionista e ainda pela elevada inflação, os indicadores apontam para continuidade do crescimento da atividade econômica no 2o trimestre. Além dos estímulos, como antecipação do FGTS, a melhora do mercado de trabalho também contribui para o desempenho do varejo e serviços. Por fim, a poupança acumulada durante os meses mais afetados pela pandemia deve continuar contribuindo para manter o maior nível de demanda, principalmente de serviços presenciais.
Indústria cresce 0,1% em abril
Resultado ficou em linha com a estimativa do mercado, e o resultado de março foi revisado de 0,3% para 0,6%. Ainda com gargalos nas cadeias produtivas, esse é o terceiro resultado positivo da indústria, todavia, a produção industrial se encontra 0,5% abaixo do registrado em abril de 2021.
Com o impacto do aperto monetário e expectativa de desaceleração econômica nos próximos meses, a produção de bens de capital retraiu 9,2% em abril, devido aos bens para fins industriais, equipamentos de transporte e agrícolas. Além disso, com a perda do poder de compra dos consumidores devido à elevada inflação, e preferência do consumidor por serviços, a fabricação de bens duráveis retraiu 5,5%.
Pelo lado positivo, puxado por vestuário, alimentação e bebidas para consumo doméstico, a produção de bens de consumo e semiduráveis e não duráveis registraram crescimento de 2,3% e 2,4% no mês respectivamente
Varejo avança 0,9% em abril
Resultado ficou acima da expectativa que apontava para crescimento de 0,3%. O resultado do mês de março também foi revisado de 1,0% para 1,6%. Assim, no acumulado de 2022, o varejo cresce 6,2% e já recupera perdas registradas no final do ano passado. Na comparação com abril de 2021, a variação foi de 4,5%. Em sua versão ampliada, o varejo cresceu 0,7%. A diferença é explicada pela queda na venda de veículos de 0,2% e de materiais de construção de 2,0%.
Em relação a março, 4 das 8 atividades que compõem o índice de vendas no varejo apresentaram crescimento. Após registrar variação de 2,3% no mês, móveis e eletrodomésticos foram destaque positivo. Entretanto, na análise interanual, essa categoria ainda sofre pela base de comparação elevada e tem queda de 8,7%. Tecidos, vestuário e calçados, atividade mais correlacionada com melhora da mobilidade, registrou crescimento de 1,7%. As outras atividades que apresentaram variação positiva em abril foram artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (0,4%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (0,1%).
Impactadas pelos preços elevados, as atividades hiper, supermercados e produtos alimentícios, e combustíveis e lubrificantes, que somadas representam mais que 50% das vendas do varejo, apresentaram queda de 1,1% e 0,1% respectivamente. Por fim, após resultados positivos no mês de março, as atividades que mais sofreram em abril foram materiais para escritório (-6,7%) e papelaria (-5,6%).
Volumes de serviços tem crescimento de 0,2% no mês de abril
Resultado ficou abaixo das expectativas que, influenciadas pelo PMI de serviços em patamar significativamente expansionista de 60,6 em abril, apontavam para crescimento de 0,5%. Em relação ao mesmo mês do ano anterior, o crescimento foi de 9,4%, 14a taxa positiva consecutiva e implica que demanda por serviços ainda segue aquecida. O setor está 7,2% acima do nível pré-pandemia.
Serviços prestados às famílias cresce 1,9% em abril e continua sendo destaque positivo. No ano, o crescimento dessa categoria é de 60,8%, principalmente devido aos itens relacionados a lazer e turismo. O setor de transportes cresceu 2,3% em abril e finalmente retornou ao patamar pré- pandemia, o que corrobora a normalização dos hábitos da população que haviam sido afetados pelas medidas de restrições. Em relação a abril de 2021, um dos meses mais impactados da pandemia, transportes para passageiros teve alta de 81,6%.
As quedas mais relevantes no mês vieram de armazenagem, serviços auxiliares aos transportes e correio (-5,9%) e de outros serviços (-1,6%). A queda de outros serviços pode ser explicada por serviços financeiros, como corretagem de títulos e valores mobiliários.
Expectativas para maio
Em linha com os dados de emprego, que têm surpreendido positivamente nos últimos meses, as perspectivas para atividade ainda são positivas em maio. Os indicadores de confiança da FGV apontam para melhora do cenário para indústria, comércio e serviços. Na perspectiva do consumidor, todavia, frente ao elevado nível de preços, o índice de confiança registrou queda na margem.
O PMI de maio ainda está em patamar expansionista tanto para indústria quanto para serviços. No caso da indústria, esse indicador acelerou de 51,8 para 54,2, enquanto para serviços houve desaceleração de 60,6 para 58,6, mas ainda é um resultado muito positivo, principalmente ao considerar a média histórica 49,5.
Por fim, a Anfavea registrou aumento de 11% na produção de veículos em maio e 7% na comparação interanual, indicando que a retomada da produção industrial deve continuar no 2o trimestre.