Atividade surpreende em dezembro
Indústria cresce novamente acima do esperado enquanto varejo surpreende com queda e serviços crescem menos que o esperado. Uma maior volatilidade observada nessa época do ano já era esperada devido à sazonalidade inerente ao período. O ano de 2024 se inicia com otimismo em relação à conjuntura econômica, mas devemos esperar um crescimento moderado devido à política monetária ainda em patamares restritivos e demanda enfraquecida, mesmo em um cenário de queda de juros e mercado de trabalho resiliente.
Produção industrial avança 1,1% em dezembro
O resultado veio bem acima das expectativas de mercado de 0,3%. Com esse resultado, o crescimento foi de 0,2% em 2023. Em comparação com mesmo mês do ano anterior, o setor cresceu 1,1%, ante expectativa de queda de 0,5%. A difusão em dezembro aumentou para 56%, com 14 das 25 atividades apresentando alta na produção e 3 das 4 grandes categorias econômicas com alta no mês.
Os bens duráveis tiveram destaque de crescimento
em dezembro, com alta de 6,3% após uma queda em novembro de 3%. No acumulado em 12 meses, os bens semi e não duráveis tiveram maior crescimento (2,1%), enquanto os bens de capital foram os únicos que apresentaram queda (-11,1%). Em termos de contribuição, o destaque positivo foi Vestuário, com crescimento de 14,5% e impacto de 0,29 ponto percentual, apesar de encerrar o ano com contração de 7%, e Químicos do lado negativo (-5,1%), retirando 0,38 ponto percentual do índice cheio.
O mau desempenho de bens de capital sugere continuidade da tendência de queda no investimento na economia brasileira. Para 2024, a confiança industrial se inicia em alta devido ao otimismo dos empresários com a economia e a facilitação de crédito com a queda dos juros. Além disso, os subsídios anunciados pelo governo com o programa Nova Indústria Brasil podem influenciar as expectativas de crescimento para o setor.
Varejo surpreende com queda de 1,3% em dezembro
O volume de vendas no varejo caiu 1,3% no mês de dezembro na série com ajuste sazonal, ante expectativa de alta do mercado de 0,4%. No ano, contudo, o índice apresentou crescimento de 1,7%, e 1,3% em comparação ao mesmo período de 2022. Na versão ampliada houve queda de 1,1% frente a novembro na série com ajuste sazonal, com crescimento acumulado de 2,4%, ficando inalterado em relação a dezembro de 2022.
O mal desempenho foi disseminado, atingindo 6 das 8 atividades pesquisadas, com a principal contribuição sendo Móveis e eletrodomésticos (-7%), que retirou 0,48 p.p do índice cheio, mas apresentou crescimento de 1% no acumulado em 12 meses, seguido do grupo de Artigos de uso pessoal (-3,8%), retirando 0,37 p.p e Vestuário (-3,5%), com impacto de -0,22 p.p. Informática e Comunicação foi o grupo com a maior queda no mês (-13,1%) após destaque de alta (18,1%) em novembro.
Do lado positivo temos Supermercados, com crescimento de 0,8% ante novembro, acrescentando 0,43 p.p. no resultado cheio e acumulando alta de 3,7% no ano, seguido de Combustíveis que adicionaram 0,19 p.p. com crescimento de 1,5% no mês e 3,9% no acumulado em 12 meses.
Considerando os bens duráveis, o grupo de Veículos foi destaque negativo, retirando 0,76 p.p. com queda de 4,5% no mês, de acordo com os dados do IBGE. Apesar da queda no mês, o grupo apresentou alta acumulada de 8,1% no ano.
As únicas altas vieram de setores não cíclicos, refletindo o mal desempenho do comércio no último mês do ano, o que é uma surpresa considerando a expectativa de crescimento de vendas pela característica sazonal do período, mas explicado pelo adiantamento do consumo em novembro devido às promoções da black friday. A confiança do comércio inicia o ano em alta com uma melhor perspectiva do cenário econômico, mas o setor ainda sofre com o endividamento das famílias e as altas taxas de crédito que impedem a recuperação da demanda pré- pandemia, o que pode se reverter com a queda das taxas de juros e o aumento do rendimento real das famílias.
Volume de serviços desacelera em dezembro
O volume de serviços aumentou 0,3% em dezembro ante expectativa de 0,8% do mercado, com 3 das 5 atividades apresentando crescimento. Após segunda alta consecutiva, o setor encerrou o ano de 2023 com crescimento de 2,3%, mas uma queda de 2% comparado com dezembro de 2022. O trimestre encerrado em 2023 apresentou média móvel com crescimento de 0,2%.
Do lado positivo temos o grupo de Transportes que interrompeu uma sequência de queda consecutiva de 4 meses, com impacto de 0,47 p.p no resultado cheio, crescendo 1,3% no mês na série com ajuste sazonal e 1,5% no acumulado do ano, seguido de Serviços prestados às famílias, com alta de 3,5% somando 0,29 p.p. e acumulando 4,7% de crescimento em 12 meses. O destaque negativo foi o grupo de Serviços profissionais, com queda de 1,7% retirando 0,37 p.p. do resultado cheio do mês, com 3,7% de crescimento acumulado no ano.
Dentro de transportes, o destaque foi em armazenagem, com alta de 7,4% na série mensal com ajuste sazonal, enquanto transporte de cargas e de passageiros apresentaram variação negativa no mês. Em serviços prestados às famílias o destaque foi Serviços de alojamento e alimentação com crescimento de 5,1% no mês. Pelo lado negativo, Serviços profissionais sofreram principalmente com serviços técnico-profissionais com queda de 5,1% no mês.
O ano se inicia com uma melhora da confiança para o setor, com expectativas de melhoria no ambiente macroeconômico com queda das taxas de juros juntamente com mercado de trabalho aquecido.