Atividade dá sinais de esgotamento em agosto
Em agosto, apenas a produção industrial teve variação positiva. Apesar dessa alta, o resultado mostra continuidade da tendência observado ao longo dos últimos meses na produção industrial, sem mostrar uma direção clara para o futuro, com o setor apresentando dificuldades para uma retomada sustentada do nível de atividade em meio às altas taxas de juros e demanda comprimida. O varejo teve recuo de 0,2% no seu volume, mas com queda menor que o esperado, que era um recuo de 0,7%, indicando estabilidade na margem. Assim como a produção industrial, o setor também tem sofrido com o ambiente de altas taxas de juros e demanda enfraquecida na margem, mas mostra acomodação e pode passar a ter uma vida mais fácil no restante do ano à medida que as condições financeiras afrouxem e o impulso da sazonalidade do fim de ano. Já os serviços foram o grande destaque negativo, com resultado pior que o esperado, com queda de 0,9% no volume observado em agosto.
Produção industrial avançou 0,4% em agosto
Alta foi menor que o esperado, de 0,8%. Na comparação com agosto de 2022, a produção avançou 0,5%. Com esses resultados, o acumulado no ano chega a -0,3% e o acumulado nos últimos 12 meses é de -0,1%. O setor sofre com a baixa demanda interna e externa, além da política monetária em patamar altamente contracionista. Lembrando que agosto foi o primeiro mês de produção após o início do ciclo de cortes na taxa de juros.
O avanço na produção foi disseminado, com 18 dos 25 ramos pesquisados apresentando variação positiva. Os destaques ficam por conta de produtos farmacêuticos, a produção automotiva e a produção de equipamentos de informática, que avançaram 18,6%, 5,2% e 16,6% respectivamente. Na ponta negativa, destacam-se a queda na produção das indústrias extrativas de 2,7%. Entre as grandes categorias econômicas destacam-se a produção de bens de capital e de bens de consumo duráveis, com altas de 4,3% e 8% no mês, respectivamente. O último tem sido o grande destaque no ano, acumulando alta de 4,1%, enquanto o primeiro acumula perdas de 11,4%.
Agosto mostra a continuidade da tendência observado ao longo dos últimos meses na produção industrial, sem mostrar uma direção clara para o futuro. Há de se ressaltar que esse foi o primeiro mês de produção industrial após o início do ciclo de cortes e com a continuidade na queda dos juros devemos observar um alívio maior nas próximas leituras. Por outro lado, a deterioração do ambiente externo observado nas últimas semanas pode impedir uma recuperação mais sustentada devido à redução na demanda externa e na possível intensificação da desvalorização cambial.
Varejo recua 0,2% em agosto
Resultado veio melhor que o esperado, que era um recuo de 0,7%. Na comparação com junho de 2022, o volume de vendas avançou 2,3%. Com o resultado, o setor de varejo acumula alta de 1,6% em 2023 e de 1,7% nos últimos 12 meses, ambas as métricas avançando frente ao resultado de julho. Na versão ampliada, as vendas no varejo recuaram 1,3% na comparação com julho. Comparadas a agosto de 2022, as vendas do varejo ampliado avançaram 3,6%. Nos últimos 12 meses, o varejo ampliado avança 2,7%.
Resultado mostra equilíbrio entre as atividades pesquisadas. Quatro atividades tiveram desempenho negativo, enquanto as outras quatro tiveram desempenho positivo. Entre os setores que tiveram pior desempenho os destaques foram Outros artigos de uso pessoal e doméstico com recuo de 4,8%, Livros, jornais, revistas e papelaria (-3,2%), e Móveis e eletrodomésticos (-2,2%). No lado positivo, os destaques foram Supermercados e Combustíveis, ambos avançando 0,9%. Não há um padrão muito claro, mas vemos atividades mais ligadas ao consumo discricionário sofrendo mais, como vestuário e móveis, que no acumulado dos últimos 12 meses recuam quase 10%. Por outro lado, atividades mais ligadas ao setor de serviços mostram bom desempenho, como combustíveis e lubrificantes e materiais de escritório, com altas de 16% e 1,8% nos últimos 12 meses, respectivamente.
Volume de serviços recua 0,9% em agosto
Resultado veio pior que esperado, encerrando três meses consecutivos de alta. Ainda assim, o setor se encontra 11,6% acima do nível observado em fevereiro, mas 1,9% abaixo do pico da série histórica, que foi alcançando em dezembro de 2022. Na série sem ajuste sazonal, frente a agosto de 2022, o volume de serviços avançou 0,9%, sua 30ª taxa positiva consecutiva. O acumulado em doze meses passou de 6% em julho para 5,3% em agosto de 2023, menor resultado desde agosto de 2021 (5,1%).
A queda foi disseminada, com quatro das cinco atividades apresentando volume menor, com os destaques sendo transportes e os serviços prestados às famílias, que recuaram 2,1% e 3,8%, respectivamente. Essas duas atividades tem sido os principais fatores por trás do bom desempenho do setor no pós-pandemia, portanto, o recuo desses grupos liga o sinal de alerta. O resultado mostra tanto arrefecimento da demanda quanto da oferta, entretanto ainda é cedo para diagnosticar uma mudança de tendência, levando em consideração que o setor se mostrou bastante robusto ao ciclo de aperto monetário. Assim, podemos ver uma retomada do dinamismo do setor nos próximos meses dado os cortes nas taxas de juros, que ainda não foram completamente capturadas nos dados disponíveis até agora.