Macroeconomia


Atividade | Abril 2023

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André Valério

Publicado 15/jun

Atividade enfraquecida em abril

Em abril, apenas as vendas no varejo tiveram variação positiva, ainda assim na margem. A produção industrial voltou a contrair, registrando queda em 3 dos 4 meses desse ano, influenciada mais uma vez pelo fraco desempenho da indústria automotiva em abril. Os serviços foram a grande surpresa, registrando queda intensa, bem pior que o antecipado, refletindo principalmente a queda nos serviços de transportes. Por fim, o varejo foi o único setor que apresentou desempenho positivo, mas muito próximo da estabilidade e com um desempenho bem fraco do varejo ampliado. No geral, a atividade foi fraca em abril, voltando à tendência de desaceleração e destoando do forte desempenho do PIB no primeiro trimestre de 2023. Nota-se que a demanda está enfraquecida em meio às taxas de juros elevadas e alto grau de comprometimento da renda das famílias. Além disso, convém lembrar que a desaceleração do crédito ainda não foi inteiramente transmitida para a atividade real, o que deve acentuar ao longo desse segundo trimestre. Com isso, mantemos nossa expectativa de desaceleração gradual da atividade nos próximos meses, refletindo piores condições de crédito, menor demanda e a política monetária em patamar excessivamente restritivo.

Produção industrial recuou 0,6% em abril

Variação veio bem abaixo do esperado pelo mercado, que era uma alta de 0,8%. Na comparação com abril de 2022, o indicador recuou 2,7%. Com esses resultados, o acumulado no ano chega a -1% e o acumulado nos últimos 12 meses é de -0,2%. O setor sofre com a baixa demanda interna e externa, além da política monetária em patamar altamente contracionista, e foi afetado pelo mau desempenho da indústria automobilística, cuja produção caiu 19% no mês.

Queda da indústria foi disseminado, com 16 dos 25 ramos pesquisados apresentando variação negativa. Entre as atividades, as influências negativas mais importantes vieram de produtos alimentícios, máquinas e equipamentos, e veículos automotores, reboques e carrocerias. Por outro lado, entre as atividades com avanço na produção, coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis foi a que mais destacou, com alta de 3,6%, terceiro resultado positivo consecutivo, acumulando ganhos de 6,3% no período.

Entre as grandes categorias econômicas, destaque para bens de capital e consumo duráveis. O primeiro recuou 11,5%, retornando à tendência de desempenho fraco após recuperação parcial em março. Já os bens de consumo duráveis recuaram 6,9%, eliminando o crescimento de 2,2% observado em março.

Varejo avança 0,1% em abril

Mercado esperava alta de 0,3% no volume de vendas. Apesar do cenário macroeconômico adversos, varejo se mostra bastante robusto, mas com desaceleração na margem. Frente a abril de 2022, o comércio varejista cresceu 0,5%, acumulando alta de 0,9% nos últimos doze meses e de 1,9% no ano.

Na versão ampliada, as vendas no varejo caíram de maneira intensa, recuando 1,6% na comparação com março. Comparadas a abril de 2022, as vendas do varejo ampliado avançaram 3,1%. Nos últimos 12 meses, o varejo ampliado está estável (0,0%), melhorando frente ao resultado de março.

Apesar resultado positivo, o desempenho não foi homogêneo. Cinco das oito atividades tiveram taxas negativas, com destaque para materiais de escritório que recuou 7,2%. No destaque positivo tivemos Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo avançando 3,2%. Já no comércio varejista ampliado a queda foi generalizada com Material de construção recuando 0,8%, enquanto Veículos e motos, partes e peças recuou 5,9%.

Volume de serviços surpreende negativamente e recua 1,6 % em abril

Mercado esperava estabilidade em abril. Com esse resultado, o setor se encontra 10,5% acima do nível pré-pandemia e 2,9% abaixo do ponto mais alto da série histórica, observado em dezembro de 2022.

Na série sem ajuste sazonal, frente a abril de 2022, o volume de serviços avançou 2,7%, sua 26ª taxa positiva consecutiva. O acumulado em doze meses passou de 7,3% em março para 6,8% em abril de 2023, menor resultado desde agosto de 2021 (5,1%).

Quatro das cinco atividades investigadas avançaram em abril. Destaque para os setores de transportes (-4,4%) e de serviços de informação e comunicação (-1,0%). O único destaque positivo foram os serviços às famílias, que avançou 1,2% no mês, recuperando parte das perdas observando no mês. Serviços às famílias é intrinsecamente ligado à demanda, mas tal resultado parece ser mais uma recomposição de perdas recentes do que uma retomada de crescimento.


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