Transações correntes foram deficitárias em US$6,5 bilhões em setembro
Transações correntes foram deficitárias em US$6,5 bilhões em agosto, ante expectativa de um déficit de US$5,0 bilhões. No acumulado dos últimos doze meses, o déficit registrado foi de US$45,8 bilhões, ou 2,07% do PIB. Em setembro de 2023, as transações correntes foram superavitárias em US$300 milhões. O resultado pior esse ano foi fruto do recuo de US$3,7 bilhões no saldo comercial e do aumento em US$1,5 bilhão no déficit em serviços, com deterioração adicional de US$1,5 bilhão no saldo de renda primária. A conta capital, substancialmente composta por transações de criptomoedas, atingiu um déficit de US$1,3 bilhão em setembro, frente a US$900 milhões em setembro de 2023 e acumulando US$16,3 bilhões nos últimos doze meses, ou 0,74% do PIB.
Investimento Direto no País (IDP) teve ingresso líquido de US$ 5,2 bilhões
O IDP em agosto foi de US$5,2 bilhões, ante expectativa de US$5,9 bilhões. Nesse mês, houve ingresso líquido de US$3,7 bilhões em participação no capital e US$1,5 bilhão em operações intercompanhia. No acumulado de 12 meses, o IDP totalizou US$70,7 bilhões, o que corresponde a 3,20% do PIB, uma variação positiva na margem frente ao mês passado.
Bets e pequenas importações apresentam sinais de arrefecimento
Os dados de popularidade online das maiores lojas de importações chinesas vem apresentando sinais de estabilização recentemente. Apesar de melhora na margem no último mês, a procura tem se mantido estável no quadro geral, consistente com os dados de saída de dólares do Banco Central. Simultaneamente, a popularidade das casas de aposta tem demonstrado redução relevante ao longo do último mês: apesar dos dados de saída de dólares ainda não indicarem tendência de redução das bets, possivelmente como consequência de aumento nos tickets médios dos apostadores, as restrições à utilização destes serviços por parte do governo em conjunto com conscientização crescente contra jogos de apostas geram assimetria negativa na perspectiva destas saídas de divisas.
Saídas com criptomoedas continuam elevadas por conta de transações com stablecoins
Apesar do interesse público por criptomoedas ter se reduzido nos últimos meses, o volume de saídas de divisas associadas à criptoativos continua crescendo. Isso, em conjunto com o relatório de acompanhamento dos criptoativos que foi divulgado pela Receita Federal, sugere que as transações resultando na transferência de dólares ao exterior tem sido motivada, substancialmente, por motivos transacionais e não de investimento. Mais especificamente, a Receita detectou negociação de R$ 153,7 bilhões na stablecoin Tether entre janeiro e setembro deste ano, respondendo por 62% de todo o volume com criptomoedas e superando substancialmente o volume transacionado de Bitcoin e Ethereum, que são bem estabelecidas no meio. Além das consequências usuais de potencial evasão fiscal, fica também um ponto de observação acerca do déficit de renda primária, que pode estar sendo subestimado haja vista a maior opacidade na informação destas transações com o exterior.
Estímulo chinês alivia, mas não altera a conjuntura externa mais retraída
Em resposta à dados fracos de atividade econômica, o governo chinês tem anunciado pacotes de estímulos fiscal e monetário visando o cumprimento da meta oficial de crescimento estabelecida para 2024, que já segue a tendência de ritmos de expansão menos ambiciosos ao passar dos anos. Isso motivou uma reação bem forte do mercado, em particular no aço, que acabou por ajudar nas margens das siderúrgicas chinesas e representa um estímulo bem-vindo para a demanda por minério de ferro, que é substancialmente importado do Brasil.
Porém, evidências adjacentes do pulso da economia chinesa demonstram que o apetite segue fraco no geral: o estoque de tarugos de aço na principal região siderúrgica da China segue um ritmo de alta, que evidencia um ritmo fraco do setor imobiliário que é a principal destinação do metal. Do lado dos produtores, a situação também não é animadora, com o PMI siderúrgico em território pessimista apesar de estar em patamares melhores do que os apresentados no ano passado.
Os outros dois principais parceiros comerciais do Brasil, EUA e Zona do Euro, também não mostram um setor de manufatura com apetite aquecido para matérias-primas, apesar das variações de sentimento recentes indicarem uma melhora na margem frente aos níveis observados no ano passado.