Transações correntes foram deficitárias em US$2,9 bilhões em maio
Transações correntes foram deficitárias em US$2,9 bilhões em abril, ligeiramente pior que a expectativa, apesar da revisão negativa de US$0,5 bilhão para o mês de abril. No acumulado dos últimos doze meses, o déficit foi de US$69,4 bilhões, ou 3,2% do PIB. O resultado em abril, frente ao mesmo mês do ano anterior, foi principalmente fruto de uma piora de US$880 milhões no saldo comercial e serviços, de uma melhora de US$270 milhões no saldo de renda primária.

Investimento Direto no País (IDP) teve ingresso líquido de US$ 3,7 bilhões
O IDP em maio foi positivo em US$3,7 bilhões, abaixo da expectativa de US$4,6 bilhões. Apesar disso, o indicador melhorou US$0,6 bi frente ao mesmo mês do ano anterior, e foi motivado substancialmente pelas transações intercompanhia refletindo reversão à média tendo em mente os resultados dos meses anteriores. A participação de capital, que reflete a formação de capital fixo por parte de estrangeiros, variou na margem em relação ao mesmo mês do ano anterior.

Balança comercial
Em maio, a balança comercial registrou superávit de US$7,2 bilhões de acordo com a metodologia da Secex e de US$6,6 bilhões de acordo com a metodologia do Banco Central, abaixo do superávit de US$8,3 (Secex) registrado no mesmo mês do ano anterior além de revisão negativa de US$ 0,5 bi para a última divulgação e abaixo do superávit de US$7,5 bi (Banco Central) registrado em maio de 2024.

As exportações de bens totalizaram US$30,2 bilhões. Na comparação com maio de 2024, as exportações caíram 0,1% com um qualitativo marcado por menores exportações de petróleo além de indícios iniciais de uma supersafra menos robusta do que visto anteriormente: o volume de soja exportada se situou mais próximo do padrão sazonal para o mês enquanto as exportações de milho registraram volume abaixo da média pela primeira vez no ano, além do volume exportado de farelo de soja não sugerir que há absorção doméstica do excesso agrícola.

As importações de US$22,9 bilhões em maio cresceram 4,7% frente a maio de 2024, interrompendo brevemente a tendência de arrefecimento vista anteriormente. No qualitativo, notamos alta de importação em fertilizantes e veículos possivelmente associados, respectivamente, à supersafra e tentativa da China de escoar sua produção veicular em meio a tensões tarifárias. Na exceção de tais itens o resultado foi misto, particularmente em bens de capital para a indústria, sugerindo que o enfraquecimento gradual da atividade no setor de transformação segue em curso.

Cripto e serviços
A conta capital, composta basicamente por transações de criptomoedas, atingiu déficit de US$1,1 bi em maio, frente a US$0,8 bilhão em maio de 2024 e acumula US$14,0 bilhões em 12 meses, ou 0,66% do PIB. Notamos que o interesse associado às criptomoedas se acomodou recentemente em patamares substancialmente abaixo dos níveis encontrados no início deste ano. Ressaltamos, porém, que as medidas de IOF impostas pelo governo podem ampliar o fluxo de saídas cambiais via stablecoins, que representam a maioria do valor transacionado em criptomoedas por brasileiros.

O déficit de serviços atingiu US$4,7 bi em maio, estável em relação ao ano anterior. Notamos que o déficit continua crescendo para os insumos associados à demanda das firmas apesar de sinais iniciais de desaquecimento, enquanto o arrefecimento dos serviços associados à demanda das famílias segue em curso. Apesar disso, notamos que o interesse online associado com lojas de pequenas importações tem crescido recentemente e bateu nova máxima, indicando que o apetite por consumo das famílias segue robusto mesmo após as medidas de tributação implementadas pelo governo no ano passado.
