Transações correntes foram deficitárias em US$5,2 bilhões em julho, pior que a expectativa de déficit de US$4,0 bilhões. No acumulado dos últimos doze meses, o déficit registrado foi de US$34,8 bilhões, ou 1,56% do PIB. Em junho de 2023, as transações correntes haviam sido deficitárias em US$3,6 bilhões. O resultado pior esse ano foi fruto do recuo de US$500 milhões no saldo comercial e do aumento em US$1,6 bilhão no déficit em serviços, apesar da melhora de US$396 milhões no déficit de renda primária.

A conta capital, substancialmente composta por transações de criptomoedas, atingiu um déficit de US$1,3 bilhão em julho, frente a US$1,0 bilhão em julho de 2023 e acumulando US$15,5 bilhões nos últimos doze meses, ou 0,69% do PIB.

O IDP em junho foi de US$7,3 bilhões, acima da expectativa de US$7,1 bilhões. Nesse mês, houve ingresso líquido de US$6,4 bilhões em participação no capital e US$800 milhões em operações intercompanhia. No acumulado de 12 meses, o IDP totalizou US$71,8 bilhões, o que corresponde a 3,22% do PIB, acima do observado no mês passado, mantendo a tendência de alta.

Após a criação do Remessa Conforme em meio as importações de baixo valor, o governo federal planeja também supervisionar mais de perto as transações com criptoativos, tendo em vista o grande volume de remessas efetuadas desta forma ao exterior. Apesar do principal objetivo ser o combate à lavagem de dinheiro, o acompanhamento mais rígido dos registros de transações pela Receita Federal deve gerar mais tributação para investidores de criptoativos, mitigando a aquisição líquida de criptoativos que temos visto recentemente e que atingiu US$15,8 bilhões nos últimos doze meses, consequentemente reduzindo o déficit na conta capital.

Tendo em vista a popularização das bets nos últimos dois anos, o governo federal implementou a necessidade de outorga de

operação para as casas de aposta online, com a qual deve arrecadar R$2B entre 64 entidades na primeira rodada de credenciamento além das 70 entidades restantes que manifestaram interesse. Além da arrecadação por outorgas, o governo também deve aumentar sua base tributária, mitigando o envio líquido de dólares ao exterior por meio deste canal, que já somam US$4,49 bilhões nos últimos 12 meses.

O arrefecimento da demanda externa por bens primários, conforme quedas nos preços das commodities e leituras fracas de PMI industrial dos principais parceiros comerciais do Brasil, tem coincidido com sinais surpreendentes na atividade doméstica, que segue resiliente à tendência de desaceleração global. Em decorrência disso, temos visto quedas recorrentes no superávit comercial que devem continuar ao longo das próximas leituras, gerando um cenário mais desafiador no saldo de transações correntes e, por consequência, no comportamento do câmbio.