Transações correntes foram deficitárias em US$8,8 bilhões em fevereiro, ante expectativa de um déficit de US$9,0 bilhões. No acumulado dos últimos doze meses, o déficit foi de US$70,2 bilhões, ou 3,3% do PIB. O resultado em fevereiro foi fruto de um déficit de US$979 milhões no saldo comercial, e de um déficit de US$3,9 bilhões no déficit de serviços, e do déficit de R$4,1 bilhões em renda primária.

O IDP em fevereirofoi positivo em US$9,3 bilhões, bem acima da expectativa de uma entrada líquida de US5,5 bilhões. Nesse mês, houve ingresso líquido de US$5,6 bilhões em participação no capital e entradas de US$3,7 bilhões em operações intercompanhia. No acumulado de 12 meses, o IDP totalizou US$72,5 bilhões, o que corresponde a 3,4% do PIB.

Em fevereiro, a balança comercial registrou défiit de US$979 milhões, contrastando com o superávit de US$4,4 bilhões atingidos no mesmo mês do ano anterior.

As exportações de bens totalizaram US$23,2 bilhões. Na comparação com fevereiro de 2024, as exportações diminuíram 1,8%. Nas exportações se observa um qualitativo misto, marcado pela persistência de um fraco início de ano para o agro, apesar das expectativas de uma super-safra de grãos que deve se manifestar de maneira mais aguda em meados do ano. Ressalta-se ainda que as exportações de automóveis e combustíveis seguem em alta, como reflexo de uma redução na ociosidade industrial e expansão do setor de óleo e gás.

As importações variaram 25,7% frente a fevereiro de 2024, reflexo de um evento one-offrelacionado com a compra de uma plataforma de petróleo chinesa. Ressalta-se aqui que, ao contrário do que vimos nas anomalias do Repetro de 2018-20, este evento foi fruto de uma importação “legítima”, e não apenas uma medida contábil. É possível que este evento reflita em maiores exportações de petróleo a partir dos próximos meses, mas não existem informações conclusivas acerca deste evento.

No restante, o padrão de importações foi similar ao visto no mês passado em termos de evolução A/A, ainda em patamar historicamente aquecido apesar de sinais leves de arrefecimento.

Destaca-se também o crescimento nas importações de veículos e maquinário elétrico, frutos de um consumo das famílias e um setor de construção ainda pujantes apesar de sinais pontuais de perda de força conforme os dados do PIB do 4T24, merecendo mais atenção nas próximas divulgações e potencialmente impulsionando uma retomada no saldo comercial em conjunto com a aguardada super-safradeste ano.

A conta capital, substancialmente composta por transações de criptomoedas, atingiu um déficit de US$836 milhões em fevereiro, frente a US$1,2 bilhão em fevereiro de 2024 e acumulando US$15,6 bilhões nos últimos doze meses, ou 0,74% do PIB. Notamos estabilização no fluxo de saídas, em conjunto com redução na popularidade das criptomoedas num ciclo de mercado que tem caminhado num ritmo mais ameno do que esperado pela maioria dos participantes.