Macroeconomia


Análise | Setor Externo | Fev 24

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André Valério

Publicado 04/abr2 min de leitura

Transações correntes teve déficit de US$4,4 bilhões em fevereiro de 2024

Resultado ficou abaixo da expectativa de mercado, que projetava um déficit no valor de US$3,5 bilhões. No acumulado dos últimos doze meses, o déficit registrado foi de US$ 24,7 bilhões, 1,11% do PIB, seguindo em tendência de melhora, com a menor taxa desde 2008. A melhora na balança comercial foi parcialmente compensada pelo resultado negativos da balança de serviços, que totalizou déficit de US$3,7 bilhões no mês.

Investimento Direto no País (IDP) teve ingresso líquido de US$ 5,0 bilhões

O IDP em fevereiro ficou abaixo das expectativas, que apontavam cerca de US$6,6 bilhões. Este saldo corresponde ao ingresso de US$4,5 bilhões em participação de capital e de US$474 milhões em operações intercompanhia. No acumulado de 12 meses, o IDP correspondeu a 2,8% do PIB e continua em tendência de queda, ainda refletindo o aperto monetário global, com o adiamento do ciclo de cortes de juros dos Estados Unidos e dados de atividade econômica que permaneceram forte, o que reduz o apetite a risco de investidores estrangeiros, afetando o IDP em emergentes.

Balança Comercial e ajustes BC

Em relação aos dados da Secex, o Banco Central ajusta a balança comercial de bens incluindo as encomendas de pequeno valor e a importação de critpoativos, que não são considerados títulos de valores mobiliário. Entre janeiro e fevereiro, o saldo comercial apurado pelo BC foi US$4,2 bilhões inferior ao da Secex (US$11,9 vs. US$7,8 bilhões), com a importação de encomendas de pequeno valor acumulando US$1,7 bilhões e destaque para o crescimento da aquisição de cripto, que somou US$2,9 bilhões no primeiro bimestre de 2024, uma alta de 110% em relação ao mesmo período no ano passado

Exportações

O preço médio das exportações brasileiras caiu 3,8% em relação a fevereiro de 2023. O desempenho do preço de produtos exportados se deu devido a uma queda de 17,1% nos preços do setor agroexportador, crescimento de 1,9% na indústria extrativa e queda de 0,6% na indústria de transformação. Por outro lado, o preço médio das importações caiu cerca de -10,4% em relação a fevereiro de 2023, o qual apresentava o maior nível para a série durante os últimos 5 anos. O desempenho do preço dos produtos importados foram consequência da queda de -12,2% dos preços no setor Agropecuário, queda de -12,9% na Indústria Extrativa e queda de - 9,9% na Indústria de Transformação. Dessa forma, os termos de troca aumentaram em 7,4% em relação a fevereiro de 2023.

Enquanto em 2023, o aumento da safra brasileira impulsionava as exportações, alcançando o maior superávit da história US$98,8 bilhões, em 2024 o crescimento da demanda chinesa pelos produtos brasileiros (minério de ferro, petróleo) tem sido destaque para o desempenho da balança comercial. O petróleo e o minério de ferro participaram conjuntamente com 50% das vendas brasileiras para a China, e a soja com 22%. O volume exportado para a china aumentou em 49% no primeiro bimestre, registrando recorde na série histórica mensal do mês de fevereiro com um superávit de US$5,4 bilhões.

Dois fatores importantes para a balança comercial este ano são a recuperação lenta da economia chinesa e a concentração das exportações brasileiras em commodities.

Por outro lado, a agropecuária deve ser ofuscada ao longo do ano também pelo desempenho da indústria extrativa em destaque pelo petróleo. Após um início de safra (23/24) desanimador com rendimentos muito abaixo do esperado devido a condições climáticas desfavoráveis, o ânimo dos produtores tem melhorado. No último levantamento pela Conab, houve redução na produtividade esperada, cerca de 7,3% em relação à safra de 22/23. Entretanto, a produção total foi estimada em apenas 5% abaixo da safra recorde, se configurando como a possível segunda maior produção já obtida. Em fevereiro, houve um aumento de 4,4% nas exportações de soja, fruto das condições climáticas favoráveis e produção mais elevada. Com a possível insurgência do fenômeno La Niña, as expectativas em relação à produção de 2024 permanecem incertas.

Na comparação anual de janeiro, o setor extrativo registrou um crescimento de 53,1% nas exportações, o que se explica pelo aumento do volume em 44,4% e dos preços em 5,9%. Destaca-se, em particular, a venda de petróleo bruto, responsável por 17,8% do total exportado, com aumento de 53,4% em valor, impulsionado pelo aumento do volume em 61,8%, uma vez que os preços recuaram (ICOMEX, 2024).

Em especial, o petróleo tem atingido um grande volume de exportação devido ao aumento da produção da Petrobras em função da entrada de quatro novas plataformas e resultados operacionais recordes. Em 2023, a extração de óleo e gás do pré-sal representaram 78% da produção total da empresa. Dessa forma, com a implantação de duas novas unidades nos campos super produtivos na região do pré-sal, a expectativa para a produção de 2024 é ainda superior em relação ao anterior.

Em relação ao minério de ferro, as exportações tiveram aumento em valor de 56,9%, sendo 20% no volume e 30,8% nos preços. Os preços do minério de ferro estão sendo fortemente influenciados com as preocupações com o endividamento do setor imobiliário na China, principal mercado consumidor. Além da pressão baixista, a piora do sentimento do mercado imobiliário chinês também foi influenciado pela falência da China Evergrande, uma das gigantes imobiliárias.

Apesar das notícias desfavoráveis ao preço do minério, houve aumento das exportações brasileiras em relação a fevereiro de 2023. Esse aumento ocorreu em decorrência de uma maior demanda chinesa, em comparação a 2023, aumento de aproximadamente US$700 milhões na exportação do minério, consequência do processo de recuperação da segunda maior economia do mundo.

No primeiro bimestre, a participação da China nas exportações brasileiras foi de 29,1%, com aumento em valor de 47% nas exportações. Para o segundo principal mercado, Estados Unidos com participação de 12,1% nas exportações, o principal produto, com participação de 15% é o petróleo, seguido por ferro e aço, 9,7%. O crescimento em valor foi de 19,4% nas exportações. Para a Argentina a queda no valor foi de 28,7%. Os gráficos a seguir refletem respectivamente a variação nos volumes exportados e importados dos principais parceiros comerciais e a variação nos fluxos comerciais para o primeiro bimestre do ano.


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