Macroeconomia


Análise | Setor Externo | Dez 23

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André Valério

Publicado 05/fev3 min de leitura

Em dezembro, transações correntes foram deficitárias em US$5,8 bilhões

Na comparação interanual, houve redução no déficit em US$1,7 bilhão, fortemente impulsionado pelo superávit da balança comercial. O superávit comercial aumentou em US$4,4 bilhões em relação a dezembro de 2022, dado o movimento de queda das importações. Novamente, o resultado comercial surpreendeu positivamente o mercado, que esperava um déficit de US$7,3 bilhões nas transações correntes.

A queda relativa das importações está concentrada nos principais parceiros comerciais, com destaque para China e Estados Unidos, enquanto o aumento das exportações ocorreu em apenas quatro dos principais destinos. Outro fator relevante para o desempenho foi o incremento de US$2,2 bilhões no déficit da renda primária, com foco para o pagamento de juros ao exterior.

No acumulado de 12 meses, o déficit em transações correntes atingiu 1,32% do PIB, cerca de 1,15 ponto percentual menor do que em 2022. O principal movimento no agregado anual foi a ampliação de US$36,4 bilhões na balança comercial, compensado por um aumento de 15,9 bilhões no déficit em renda primária.

Investimentos Diretos no País totalizaram 2,85% do PIB em 2023

Em 2023, o IDP totalizou US$62,0 bilhões, registrando um resultado US$12,6 bilhões inferior ao ano de 2022. Esse movimento foi impulsionado pela queda de US$8,4 bilhões no ingresso líquido em operações intercompanhia.

Em dezembro, o resultado do IDP surpreendeu negativamente, registrando saída líquida de US$389 milhões, enquanto o mercado antecipava um ingresso de US$5543 milhões. Assim, o desempenho da balança comercial foi compensado por uma queda inesperada na conta financeira.

Importações de pequeno valor

As importações de pequeno valor tiveram uma queda de 49,78% na comparação interanual do mês de dezembro (de US$1,63 Bi para US$0,82 ˜i) e de 23,1% no acumulado anual (de US$13,14 Bi para US$10,11 Bi).

O debate acerca da taxação de pequenas remessas internacionais retorna ao radar como alternativa para compensar a desoneração da folha de pagamentos. Dessa forma, a perda de receita que ocorreria com a manutenção da desoneração da folha seria compensada com a implementação de impostos federais sobre pequenas encomendas. O posicionamento do governo reflete a sua incapacidade de manter a meta fiscal de déficit zero, caso não ocorra a implementação gradual da folha de pagamentos.

Commodities

Conflito entre Israel e Hamas está escalonando com a inserção do Irã, região próxima ao Golfo Pérsico (30% da produção mundial de petróleo). Como consequência, o mercado observa grande volatilidade nos preços do petróleo.


A demanda de petróleo está caindo, principalmente, devido à diminuição do consumo de gasolina nos Estados Unidos. Assim, os preços têm permanecido em patamares próximos a US$80/brent. Em território nacional, entretanto, a indústria extrativa registrou aumento das exportações atingindo US$7,6 bilhões e queda das importações para US$897 milhões, favorecendo a balança comercial, durante um cenário de possível valorização do petróleo.

Em relação às commodities agrícolas, em dezembro a Conab registrou uma expansão da importação desencadeada por uma queda das exportações devido à fenômenos climáticos desfavoráveis, induzindo a um volume menor de produção. Apesar disso, o resultado da agropecuária permanece extremamente favorável em função da safra recorde. Dessa forma, as commodities têm apresentado grande contribuição para o resultado favorável da balança comercial brasileira.


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