Macroeconomia


Análise | Setor Externo | Agosto 24

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André Valério

Publicado 25/set1 min de leitura

Transações correntes foram deficitárias em US$6,6 bilhões em agosto

Transações correntes foram deficitárias em US$6,6 bilhões em agosto, abaixo da expectativa de um déficit de US$5,0 bilhões. No acumulado dos últimos doze meses, o déficit registrado foi de US$38,6 bilhões, ou 1,74% do PIB. Em agosto de 2023, as transações correntes foram deficitárias em US$1,0 bilhão. O resultado pior esse ano foi fruto do recuo de US$4,8 bilhões no saldo comercial e do aumento em US$1,6 bilhão no déficit em serviços, apesar da melhora de US$851 milhões no déficit de renda primária. A conta capital, substancialmente composta por transações de criptomoedas, atingiu um déficit de US$1,5 bilhão em agosto, frente a US$1,1 bilhão em agosto de 2023 e acumulando US$15,9 bilhões nos últimos doze meses, ou 0,71% do PIB.

Investimento Direto no País (IDP) teve ingresso líquido de US$ 6,1 bilhões

O IDP em agosto foi de US$6,1 bilhões, abaixo da expectativa de US$7,5 bilhões. Nesse mês, houve ingresso líquido de US$6,8 bilhões em participação no capital e US$300 milhões em operações intercompanhia. No acumulado de 12 meses, o IDP totalizou US$70,6 bilhões, o que corresponde a 3,18% do PIB, abaixo do observado no mês passado, quebrando a tendência de alta que havia sido observada nos últimos dois meses.

Contas externas seguem pressionadas por enfraquecimento de commodities

A balança comercial de agosto apresentou continuidade de arrefecimento, marcada por uma piora nos termos de troca e no quantum das exportações líquidas, com desaceleração no volume exportado e aceleração no volume importado. Uma análise dos dados sugere, porém, que os três principais produtos da matriz de exportação ainda não sofreram impactos relevantes da redução do apetite chinês por soja, minério e petróleo, e que este segmento deve dar continuidade à piora recente das exportações líquidas, principal driver das contas externas. Todavia, nota-se como bem vindo o aumento da quantidade exportada de aeronaves, que desponta como fruto da robustez industrial que temos visto ao longo deste ano, e seguimos atentos aos efeitos de médio prazo que o novo pacote de estímulos da China deve trazer para o preço e volume das pautas exportadoras do Brasil.

Déficits gêmeos contribuem para persistência do câmbio desvalorizado

A ampliação no déficit do governo tem gerado impulso fiscal favorável na atividade econômica brasileira, como temos visto nas surpresas positivas de indicadores de frequência mais alta. Porém, esse aquecimento gera consequências negativas nas contas externas, conforme preza a teoria dos déficits gêmeos, e tem sido um determinante parcial para a reversão da tendência de melhora que havíamos visto nas transações correntes. A junção desses efeitos não é favorável ao câmbio: brasileiros fazem menos poupança no exterior para financiar maiores emissões de dívida pública e a menor entrada de divisas por exportações líquidas atuam conjuntamente para manter o câmbio num patamar depreciado frente à sua tendência de médio prazo, que ameaça persistir mesmo com a o aumento no diferencial de juros entre os EUA e Brasil nos próximos trimestres.

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