Macroeconomia


Análise | Real Estate | Junho 2025

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Gustavo Menezes

Publicado 04/jul2 min de leitura

Mercado imobiliário arrefece na margem

O preço dos imóveis residenciais no Brasil apresentou nova alta em maio, com o nosso indicador composto apontando alta de 0,46% no mês e 8,09% nos últimos 12 meses. Simultaneamente, aluguéis subiram 0,59% no mesmo mês e 12,03% nos últimos 12 meses, continuando o ritmo de aumentos superiores aos preços e quebrando a tendência de aquecimento que foi observada anteriormente.

Desde o último relatório, notamos sinais de arrefecimento regional nos preços de imóveis causados pela expansão da oferta de imóveis do MCMV. Por outro lado, notam-se sinais de desaceleração nas vendas de médio-alto padrão como um possível impacto das defasagens da política monetária, constituindo um risco de inadimplência para as incorporadoras do setor que já se situam pressionadas pelo custo de crédito nas obras que ainda se situam em andamento, haja vista o backlog de entregas acumulado.

No lado das pessoas físicas, a moderação nas concessões de financiamento imobiliário segue em curso, ainda que sem alterações significativas na inadimplência por conta da insensibilidade nas taxas do estoque da carteira à Selic.

De todo modo, a política monetária restritiva deve eventualmente enfraquecer o mercado de trabalho, que por sua vez se torna um ponto de fragilidade mais importante para essa linha de crédito.

 INCC acelera; desemprego baixo é fator limitante

O INCC apresentou alta de 0,96% em junho acumulando variação de 7,19% em 12 meses, contra os 5,27% registrados no IPCA-15 e se situa próximo dos 8,09% registrados na média de preços de imóveis. A contribuição veio principalmente da mão de obra, que subiu 2,12% no mês contra alta de 0,13% para materiais.

O qualitativo dos custos de mão de obra indica que o mercado de trabalho ainda robusto continuará a ser um fator agravante para o INCC, pressionando a capacidade das construtoras de entregar lançamentos competitivos sem que haja perda de margem.

EUA: preços sem pressão, atividade mantém ritmo

Neste mês, os dados apontaram para uma continuação na tendência de arrefecimento, tanto para os preços quanto para os aluguéis, com destaque para um enfraquecimento mais proeminente no segmento multifamily, retirando pressão nos preços por conta do menor ajuste exercido pelos aluguéis na atratividade para comprar.

Ainda assim, a construção segue robusta com aquecimento na margem conforme as contratações regionais, e a maior dificuldade percebida na venda de imóveis demonstra que a liberação gradual do backlog de entregas deverá continuar provocando um ajuste negativo nos preços em direção aos aluguéis, que seguem em descompasso após os efeitos da pandemia.

Na lente de custos de construção, percebemos aquecimento marginal no segmento de mão-de-obra e materiais, ainda não refletindo os impactos das tarifas que podem aparecer eventualmente nos dados.


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