Macroeconomia


Análise | Real Estate | Julho 2025

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Gustavo Menezes

Publicado 06/ago2 min de leitura

Mercado imobiliário arrefece na margem

Os preços dos imóveis residenciais no Brasil apresentaram nova alta em junho, com o nosso indicador composto apontando alta de 0,82% no mês e 8,14% nos últimos 12 meses. Simultaneamente, aluguéis subiram 0,50% no mesmo mês e 11,02% nos últimos 12 meses. Apesar de um ritmo agregado que mantém sua robustez, as evidências regionais solidificam tendência de arrefecimento subjacente no mercado imobiliário, principalmente nos preços mas também para os aluguéis cujo processo de aquecimento aparenta ter sido interrompido.

Espera-se uma assimetria negativa na evolução da atividade do mercado imobiliário em meio aos impactos da política monetária restritiva no canal de crédito: apesar da taxa de financiamentos ainda se manter historicamente atrativa para compradores por conta da relação preço/aluguel, o ritmo de concessões tem visto queda significativa em meio à restrições de funding originadas na redução de recursos do SBPE, que é em si uma consequência do ciclo de alta da Selic, e deve pressionar o segmento de médio-alto padrão enquanto o MCMV segue avançando em meio aos novos estímulos do governo com a Faixa 4.

INCC acelera; desemprego baixo é fator limitante

O INCC apresentou alta de 0,91% em julho acumulando variação de 7,43% em 12 meses, contra os 5,30% registrados no IPCA-15 e se situa próximo dos 8,14% registrados na média de preços de imóveis. A contribuição veio principalmente da mão de obra que subiu 0,99% no mês, patamar alto porém menor do que o observado no mês anterior. Por outro lado, o grupo de materiais subiu 0,86% contra 0,13% no mês anterior, indicando maior difusão das pressões inflacionárias.

As pressões de custo advindas do mercado de trabalho seguem sendo um ponto de atenção em meio à mínima histórica na taxa de desemprego que tem motivado dificuldades de contratação no setor de construção civil, cujo ritmo de geração de emprego tem reduzido notadamente e pode motivar um reaquecimento dos dissídios salariais conforme indicado pelos dados regionais.

EUA: atividade mantém ritmo mas ameaça deflação sustentada

Desde o último relatório, notamos manutenção nos patamares da atividade na construção, com contratações mantendo um ritmo robusto a nível regional em conjunto com um pipeline na construção que indica lenta absorção do backlog acumulado de obras iniciadas anteriormente. Por outro lado, a queda nas licenças residenciais vista recentemente pode indicar perda de apetite gradual das construtoras, com um mercado que aparenta ter dificuldade de absorver a oferta de imóveis, como percebido pelo giro de estoque atingindo os piores níveis desde meados de 2022.

A situação geral, de oferta ampla com demanda reprimida por um mercado de trabalho enfraquecido, indica que os preços de imóveis devem continuar em ritmo ameno beirando a deflação por um período sustentado.

No lado dos custos, temos percebido continuação das pressões de preço para materiais de construção, que seguem sob observação apesar dos impactos atrasados das tarifas: conforme o mais recente Beige Book publicado pelo Fed, a experiência geral das firmas confirma o repasse das tarifas para os importadores domésticos, apesar de que o canal de repasse para demais consumidores na cadeia de produção mantém-se defasado por conta da incerteza na aplicação das alíquotas, que tem sido alteradas frequentemente pela política comercial volátil empregada pelo governo americano.


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