Destaques
•O PIB do 2º trimestre surpreendeu e cresceu 1,4%, acima da nossa expectativa de 1%, e ficou 3,3% acima do mesmo período no ano anterior.
•Pelo lado da oferta, o destaque foi o crescimento da indústria (+1,8%) e dos serviços (+1,0%) no trimestre, enquanto a agropecuária recuou 2,3%, reflexo da menor safra de soja e de milho no período.
•Pelo lado da demanda, o consumo das famílias manteve crescimento robusto de 1,3%, impulsionado pelos gastos públicos, concentrados no 1º semestre do ano, principalmente via transferência de renda com a aceleração do crescimento da previdência e programas sociais.
•Outro destaque positivo foi a alta de 2,1% do investimento, puxada pela melhoria na indústria de bens de capital e importação, além do forte desempenho da construção e desenvolvimento de software. A maior disponibilidade de crédito com a redução dos juros e retomada do mercado de capitais também contribuiu para a melhora no investimento no 1º semestre, que cresceu 4,2%.
Perspectivas
•No 1º semestre do ano, o PIB acumula crescimento de 2,9% em relação ao mesmo período do ano anterior.
•O carrego estatístico para 2024 já está em 2,5% e esperamos uma desaceleração do crescimento no 2º semestre, uma vez que os gastos públicos na segunda metade do ano serão menores após as antecipações de despesas. Ainda assim, revisamos nossa estimativa o crescimento do PIB de 2,5% para 2,9% no ano.
•O crescimento mais acelerado, impulsionado pela forte expansão fiscal, não é sustentável considerando a limitação pelo lado da oferta e ainda baixa taxa de investimento da economia. Além disso, o crescente déficit fiscal e consequente elevado patamar de juros vem resultando em aceleração preocupante da dívida pública.
•É necessária uma revisão das políticas públicas e uma maior harmonia entre a política fiscal e monetária. Sem capacidade adequada pelo lado da oferta com o hiato do produto positivo a pressão inflacionária pode crescer e resultar em novo ciclo de aperto monetário pelo Banco Central, como já precificado na curva de juros, e o resultado para os próximos anos pode ser uma nova queda da taxa de crescimento da economia.
PIB no 2º trimestre de 2024
O PIB acelerou o ritmo de crescimento alcançando 1,4% de alta com ajuste sazonal frente ao último trimestre e 3,3% na comparação com o mesmo trimestre do ano passado. Com esse crescimento, o carrego estatístico para o ano já está em alta de 2,5%.
Desempenho Setorial – 2ºT24
Pelo lado da oferta, os destaques foram os setores de utilities e construção, que contribuíram para o bom desempenho da indústria. Em serviços, as atividades financeiras, informação e comunicação e comércio também tiveram crescimento expressivo. O destaque negativo ficou por conta do agro, com a queda nas safras de soja e milho, e da indústria extrativa.
Desempenho Setorial – 4 últimos trimestres
No acumulado de 4 trimestres até junho, o crescimento do PIB se manteve em 2,5%, patamar que consideramos superior à taxa potencial e pode manter a inflação persistente e acima do centro da meta.
O PIB pela ótica da demanda
Pelo lado da demanda, o destaque no 2º trimestre foi a FBCF com alta de 2,1%. Programas como o minha casa minha vida e as novas concessões nos setores de saneamento e elétrico resultaram em uma maior atividade do investimento no período.
Taxas de Investimento e Poupança
A taxa de poupança teve nova queda no trimestre, alcançando 16%. Por outro lado, a taxa de investimento avançou na margem para 16,8%, mas mantendo em patamar historicamente baixo, o que contribui para uma menor capacidade de oferta da economia.