Macroeconomia


Análise | PIB 2T22 dos EUA

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Vitor Martins Carvalho

Publicado 28/jul6 min de leitura

Projeção mediana do mercado era de alta de 0,4%

Com esse resultado, as discussões acerca de uma possível recessão econômica intensificaram. Essa é a segunda queda consecutiva do PIB, após resultado de -1,6% no primeiro trimestre, portanto, segundo a definição informal utilizada pelo mercado, pode-se dizer que os EUA já estão em recessão técnica.

Cabe ressaltar, todavia, que esse é um dado preliminar que ainda deve sofrer revisões. E apesar de resultado negativo, o mercado de trabalho ainda segue bastante aquecido, o que é uma situação bem atípica. A taxa de desemprego no período se manteve próximo a sua mínima histórica em 3,6% e, pelo lado da oferta, os dados do JOLTs indicam cerca de duas vagas de emprego para cada desempregado – valor recorde segundo essa pesquisa.

Principal contribuição negativa no trimestre foi em investimentos privados

Esse agregado contribuiu com baixa de 2,73 p.p. no número final. Apenas o resultado de inventários representou 73% dessa queda (2 p.p.), o que demonstra que, após repor os estoques de forma acelerada em 2021, as empresas estão mais pessimistas em relação ao comportamento da demanda nos próximos meses, e antecipam desaceleração no ritmo de compras. Investimentos residenciais também representaram uma queda de 0,7 p.p., devido à sensibilidade desse mercado à alta nas taxas de hipoteca. Por fim, a última contribuição negativa veio de gastos do governo, que recuou 1,9%.

Consumo das famílias apresentou crescimento, mas ficou abaixo do esperado. Apesar de manter trajetória de crescimento, o consumo das famílias variou 1,0%, uma desaceleração em relação ao 1o trimestre que havia sido 1,8%. O consumo de bens caiu 4,4%, e corrobora o impacto da inflação elevada reduzindo o poder de compra das famílias. Por outro lado, o setor de serviços teve crescimento de 4,1%, reflexo da retomada da mobilidade.

Inflação continuou acelerando no segundo trimestre

Mesmo com deterioração da atividade, o deflator do PIB avançou 8,7% no último trimestre, acima da expectativa de 8,0%. O núcleo do deflator, que remove itens mais voláteis do índice, recuou de 5,2% para 4,4% no trimestre. Entretanto, o indicador segue em patamar bem acima da meta de 2,0% do FED, e reforça a expectativa de manutenção do ciclo de alta de juros por parte da autoridade monetária.

Perspectivas para o PIB em 2022 seguem pessimistas

A inflação persistente deve continuar impactando o consumo das famílias na medida em que o crescimento dos salários continue abaixo da variação nos níveis de preço. Além disso, espera-se que o atual ciclo de aperto monetário por parte do FED dure até pelo menos o início do próximo ano, o que deverá afetar a retomada dos investimentos por parte do setor privado e, portanto, contribuir para a normalização do mercado de trabalho atual, que ainda está bastante apertado.


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