Destaques e Perspectivas
- O PIB do 1o trimestre cresceu 0,8%, em linha com nossa expectativa, e 2,5% na comparação com o 1T23.
- Pelo lado da oferta, o destaque foi mais uma vez a produção agropecuária com alta de 11,3% no trimestre. Apesar da queda em relação à safra do ano passado (-3%), a produção ainda foi robusta o suficiente para representar alta no ajuste sazonal.
- Pelo lado da demanda, o consumo das famílias voltou a acelerar depois da queda no trimestre passado, e apresentou crescimento de 1,5%, puxado pelo robusto mercado de trabalho, mas também pelo impulso dado pela expansão de gastos fiscais do governo, como aumento da previdência e concentração do pagamento de precatórios no trimestre.
- Apesar do forte desempenho no início do ano, com crescimento acumulado de 2,5% em 4 trimestres, esperamos que a desaceleração da economia continue e mantemos a expectativa de alta de 1,9% para o ano de 2024. Além da perda de força dos estímulos fiscais, a política monetária mais restritiva deve conter a expansão do crédito nos próximos trimestres, resultando em uma desaceleração do consumo das famílias.
- A combinação de consumo elevado e baixo investimento não é positiva para o longo prazo e pode resultar em nova pressão inflacionária à frente, o que deve reforçar a postura de cautela do Banco Central na condução da política monetária.
- Por fim, a tragédia no RS ainda traz incerteza com relação ao desempenho da atividade, especialmente no 2o trimestre, e não descartamos uma queda do PIB no próximo trimestre, resultado da paralização de diversas atividades na região.
PIB no 1o trimestre de 2024
Depois de estagnar no 2o semestre de 2023, o PIB voltou a crescer no 1o trimestre de 2024, 0,8% com ajuste sazonal, em relação ao último trimestre e 2,5% na comparação com o mesmo trimestre no ano passado. Com esse crescimento, o carrego estatístico para o ano de 1% de alta. A retração esperada no 2o trimestre, devido à queda de atividade no RS, deve ser compensada pela retomada no 2o semestre. No entanto, com a restrição monetária maior, temos um viés de baixa para nossa estimativa de 1,9% de crescimento no ano.
Desempenho Setorial – 1T24
Pelo lado da oferta, além do crescimento de destaque da agropecuária, os setores de serviços como comércio e TI surpreenderam positivamente com alta de +3% e 2,1% respectivamente. Enquanto o comércio foi impulsionado pelo crescimento da renda das famílias, o setor de TI segue em tendência de crescimento estrutural mais forte, a uma taxa 2,5x maior que a média da economia.
Desempenho Setorial – 4 últimos trimestres
No Acumulado dos últimos 4 trimestres até março o crescimento do PIB desacelerou de 2,9% para 2,5%. Com a expectativa de desempenho inferior da agropecuária em 2024, e atividades ligadas ao consumo interno também perdendo força, esperamos que o crescimento do PIB desacelere para 1,9% até dezembro de 2024.
O PIB pela ótica da demanda
Pelo lado da demanda, a FBCF reacelerou no 1o trimestre depois da queda acumulada de 7% desde o final de 2022. Apesar da queda na construção, houve forte crescimento de importação de bens de capital no trimestre. O Consumo também apresentou aceleração, tanto em relação ao último trimestre como na comparação com o 1o trimestre de 2023, impulsionado pela melhora na renda e aumento nas transferências dos governo.
Taxas de Investimento e Poupança
A taxa de poupança teve nova queda no trimestre, assim como a taxa de investimento, que tem a terceira queda anual consecutiva desde o pico no 1o trimestre de 2021. A baixa taxa de investimento, em apenas 16,9% do PIB é ponto de atenção para uma perspectiva de crescimento sustentável do PIB no longo prazo.