Macroeconomia


Análise | Mercado de Capitais 2022

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Vitor Martins Carvalho

Publicado 19/jan7 min de leitura

Emissões no mercado de capitais totalizam R$ 543,8 bilhões em 2022

Apesar de valor ter sido 11% inferior ao total emitido em 2021, resultado permanece elevado. Ajustado pelos preços atuais, a leitura para 2022 representa um crescimento de 84% em relação à média anual para as emissões do período entre 2009- 2020. Esse resultado confirma o amadurecimento do mercado de capitais brasileiro e reflete, entre outros fatores, a ascensão dos bancos digitais, que facilitaram o acesso da pessoa física a veículos de investimento menos tradicionais, os marcos legais e leis que deram origem a novos veículos de investimento e contribuíram para desburocratização e modernização desse mercado, e, finalmente, o crescimento do investimento privado, que, por sua vez, está associado à percepção de um ambiente econômico mais propício ao desenvolvimento.

Captações com título de renda fixa encerram o ano em R$ 459,6 bilhões, maior valor para série histórica. Cabe destacar que, desde o começo do ciclo de alta de juros iniciado em março de 2021, as captações por veículos de renda fixa aumentaram de forma expressiva. De 2020 para 2022, período que a taxa Selic subiu de 2,0% para 13,75%, o valor total emitido por esses papeis aumentou 119%.

Responsável por 50% das emissões de renda fixa, debêntures impulsionam mercado de títulos privados

As captações realizadas por esse veículo totalizaram R$ 271 bilhões em 2022. Em relação à média anual do período entre 2016-2020, esse valor representa um crescimento de 83% em termos reais, e corrobora à elevada demanda de investidores por esses títulos. Nos últimos anos, as debêntures garantiram um retorno bastante satisfatório, visto que os principais indexadores utilizados para calcular suas remunerações foram a taxa DI + spread (82,8% do total) ou o IPCA (14,2% do total). Além disso, cerca de 20% dessas emissões foram de debêntures isentas de imposto (incentivadas).

20,3% do valor captado por debêntures em 2022 foram destinadas ao investimento em infraestrutura. Apesar de 4,4 p.p. inferior à leitura de 2021, esse valor é significativamente superior à média de 2016-2020 de 14,0%. Somado ao crescimento das captações, tal resultado demonstra que nos últimos dois anos as empresas realizaram um investimento bastante expressivo no país. Caso haja manutenção dessa tendência, esses investimentos deverão refletir em aumento de produtividade e em redução da taxa de desemprego de equilíbrio da economia no médio e longo prazo.

Volume de emissões de produtos securitizados subiram 52,3% em 2022

Por razões semelhantes ao crescimento do mercado de debêntures, o resultado do mercado de securitizados é consequência da captação de R$ 50,3 bilhões em CRI (+45%) e de R$ 40,76 bilhões em CRA (+62,4%). Também vale destacar que foram emitidos R$ 100 milhões em Certificados de Recebíveis não setorizados (CR) - um produto promissor, que surgiu após a aprovação do Marco Legal da Securitização de 2022, e deverá baratear o processo de acesso ao mercado de capitais, substituindo, em parte, a função do FIDC para muitas empresas.

Ofertas de notas comerciais e Fiagro ganham espaço no mercado de capitais

As emissões de notas comerciais, veículo pouco utilizado antes novo arcabouço regulatório em 2021, totalizaram R$ 43,17 bilhões em 2022. Essas notas representam uma alternativa às debêntures e ao financiamento bancário tradicional, principalmente por parte de sociedades limitadas. Por fim, as ofertas de Fiagro, novo instrumento de renda variável para o segmento de agronegócio, acumularam R$ 7,1 bilhões em 2022. Pessoas físicas se mostraram especialmente interessadas nesse novo investimento, e foram responsáveis em garantir 83,9% dos recursos levantados por esses fundos.


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