Macroeconomia


Análise | Juros nos EUA | Jul22

jeFtv1X8_400x400

Rafaela Vitória

Publicado 27/jul

FED eleva juros novamente em 0,75 p.p.

Em linha com a expectativa, o Fed elevou a taxa básica da economia americana para 2,5% (upper bound) e foi bastante cauteloso no seu discurso. A decisão foi bem recebida pelo mercado, que fez uma leitura mais dovish sobre os próximos passos, uma vez que o presidente do Fed indicou que seria mais apropriado reduzir o ritmo de altas em breve.

O Fed manteve em seu comunicado o comprometimento com a redução da inflação, mas descartou o cenário de potencial recessão. Apesar de indicadores de atividade apontarem para o começo de uma desaceleração da economia, o Fed descarta, nesse momento, a possibilidade de uma recessão, bem como a necessidade de uma retração mais forte para que a inflação volte para a meta. O Foco ainda é manter o processo de aperto monetário, tanto através de novas altas esperadas para a taxa de juros, como também reduzindo o seu balanço. E não descartou altas mais significativas, caso necessário, ou seja, no cenário de inflação mais persistente, os juros deverão continuar subindo. Apesar de ter sido recebido pelo mercado como mais dovish, durante a coletiva de imprensa, o presidente do Fed amenizou o risco de recessão, destacando o mercado de trabalho ainda aquecido e acreditando ainda ser possível reduzir a inflação apenas a partir de uma desaceleração da economia.

Até onde vão os juros americanos?

O Fed não ofereceu um guidance específico para seus próximos passos, mas indicou que alguma desaceleração no ritmo de alta pode ser apropriada. O Fed evitou dar um número para a próxima alta seja 50 ou 75 bps, mas apontou que o último relatório do Fomc de junho, com as projeções do comitê, se mantém relevante no atual cenário. Nas estimativas feitas pelos membros do Fomc, o Fed Fund Rate chegaria em cerca de 3,5% até o final do ano, ou seja, estimamos que nas próximas três reuniões por vir ainda em 2022, a taxa pode subir entre 50 e 25 bps.

A curva de juros indica que o ciclo de alta será curto e que em 2023, o Fed já poderia iniciar os cortes, cenário bastante incerto. O receio de recessão continua predominando no mercado e as expectativas implícitas nas taxas de juros indicam que cortes poderão acontecer já em 2023. No entanto, o próprio Fed ressalta o atual nível de incerteza e dificuldade em se fazer projeções para um prazo tão longo. Com a inflação atual em 9,6%, acumulada em 12 meses, é bastante improvável uma rápida convergência para a meta, mesmo em um cenário de recessão. A volatilidade no mercado de renda fixa deve continuar e há possibilidade da volta da precificação de altas ainda em 2023 e a manutenção da taxa por um período mais longo.


Compartilhe essa notícia

Receba nossas análises por e-mail