Macroeconomia


Análise | IPCA | Novembro 2024

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André Valério

Publicado 10/dez2 min de leitura

Inflação em linha com esperado e qualitativo levemente melhor

IPCA registrou alta 0,39% em novembro, em linha com o esperado, que era uma alta de 0,38%. Com o resultado, tivemos nova aceleração no acumulado em 12 meses que alcançou 4,87%, mantendo-se bem acima do limite superior da meta de inflação, de 4,50%.

Como esperado, o resultado foi amplamente influenciado pelo comportamento do grupo de Alimentação e bebidas, cuja alta de 1,55% representou quase 85% da inflação observada no mês. O grupo reflete a continuidade da piora na inflação de proteínas, mas também de outras commodities, como café, cujo preço no mercado internacional tem atingido máximas históricas. Outra pressão de alta veio do grupo de Despesas pessoais, cuja alta de 1,43% teve impacto de 0,07 ponto percentual no índice, mas refletindo o aumento da alíquota de imposto sobre cigarros. Na outra ponta, Habitação teve recuo de 1,53%, refletindo a mudança na bandeira tarifária de vermelha patamar 2 para amarela, o que fez com que o custo de energia elétrica recuasse 6,27% no mês.

A média dos núcleos registrou alta de 0,38%, patamar elevado, mas abaixo do observado em outubro. Com isso, o acumulado em 12 meses alcançou 4,20%. Já a inflação de serviços acelerou para 0,83%, mas amplamente influenciado pelo comportamento das passagens aéreas, que apresentou alta de mais de 22%. Se desconsiderarmos as passagens, os preços dos serviços avançaram 0,48%. A inflação de serviços subjacentes também recuou, de 0,76% para 0,60%, mas mantendo patamar elevado. Finalmente, os serviços intensivos em trabalho aceleraram de 0,32% para 0,49%, o que acende um sinal de alerta, em meio a um mercado de trabalho bastante aquecido. Apesar da desaceleração das principais métricas da inflação de serviços, todas elas avançaram no acumulado em 12 meses. Finalmente, o índice de difusão, uma medida do tamanho do processo inflacionário, recuou de 61,5% para 57,8%.

O resultado de novembro ainda indica uma piora do processo inflacionário, mas a desaceleração frente a outubro é uma boa notícia. O resultado do IPCA não justificaria uma aceração do ritmo de alta da Selic, no entanto, a deterioração nas expectativas de inflação e a recente desvalorização cambial devem ser os fatores que mais pesarão na decisão do Copom de amanhã. Mantemos nosso call de 0,75 p.p. com uma expectativa de um comunicado ainda duro com o objetivo de reancorar as expectativas, mas o cenário permanece de cautela e assimetria no balanço de riscos.


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