IPCA de novembro tem variação abaixo da expectativa
O IPCA de novembro variou 0,28% e ficou abaixo da nossa expectativa de 0,33% e do mercado de 0,3%. A variação é baixa até considerando a sazonalidade do fim do ano e indica um cenário mais benigno no curto prazo. Em 12 meses o IPCA acumula 4,68%, voltando à tendência de queda.
O grupo alimentos teve nova aceleração no mês, sendo 0,75% a variação da alimentação no domicílio, puxado pelos grupos de hortaliças e legumes. No acumulado do ano, alimentação ainda apresenta variação negativa de 0,08%, sendo -1,1% no domicílio. Por outro lado, artigos para casa e vestuário tiveram queda em novembro, -0,42% e -0,35% respectivamente, possivelmente puxado por descontos no varejo pela Black Friday.
O bom comportamento da inflação também é confirmado pela média dos núcleos, que variou 0,18% em novembro e acumula 4,55% em 12 meses. Considerando a média móvel dos últimos 3 meses, a variação dos núcleos segue próxima do centro da meta de 3% e indica que a política monetária já contribuiu para a convergência da inflação para a meta. A difusão em novembro teve ligeira queda para 52%.
Inflação de serviços é o novamente destaque negativo, mas não preocupa
A alta de 0,7% em novembro foi novamente puxada pelas passagens aéreas. Excluindo os itens mais voláteis, a variação dos serviços subjacentes ficou abaixo de 0,3% no mês e mostra a continuidade da desinflação de serviços com a desaceleração do setor observada nos últimos meses.
Preços monitorados tiveram variação de 0,16% em novembro. Com mais uma queda de 1,7% na gasolina, os preços administrados ficaram praticamente estáveis no mês, mas ainda acumulam a maior alta do ano, 9% em 12 meses, refletindo a recomposição dos impostos após as desonerações temporárias de 2022.
O comportamento da inflação segue uma dinâmica mais benigna do que se antecipava. Com a queda da inflação maior que o esperado no curto prazo, a Selic ficou em patamar ainda mais restritivo e haveria espaço para cortes maiores nas próximas reuniões do Copom, que não devem ocorrer devido ao comprometimento feito pelo guidance nos últimos comunicados. Para o Copom de amanhã, seria apropriado no comunicado o comitê deixar os próximos passos abertos para se adequar à evolução do cenário. No longo prazo, as expectativas de inflação acima da meta e o risco fiscal devem limitar a Selic terminal, mas no curto prazo, vemos espaço para cortes não tão moderados, e poderíamos chegar na taxa de 9% mais próximo do meio do ano, com cautela suficiente para monitorar os riscos e eventual reaceleração da inflação ao longo do próximo ano.
Evolução do IPCA Mensal (%)