Macroeconomia


Análise | IPCA | Maio 2024

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André Valério

Publicado 11/jun2 min de leitura

IPCA pior que o esperado

A inflação avançou 0,46% em maio, acima da expectativa de 0,42%. Com esse resultado, o acumulado em 12 meses acelerou pela primeira vez em 7 meses, acumulando alta de 3,93%, ante alta de 3,69% em abril. Parte dessa reaceleração se deve à base de comparação mais fraca nesse mesmo período em 2023, uma vez que em maio de 2023 a inflação havia acelerado apenas 0,23%. Além da surpresa negativa do ponto de vista quantitativo, o resultado também foi ruim do ponto de vista qualitativo. Ainda assim, não se observa nenhum sinal muito grave de reaceleração inflacionária, com a dinâmica inflacionária dando indícios de que irá oscilar ao redor de 4% no acumulado em 12 meses, nos próximos meses.

Em maio, dos nove grupos pesquisados, oito tiveram alta, com destaque para Saúde e cuidados pessoais, Habitação e Alimentação e bebidas, com alta de 0,69%, 0,67% e 0,62%, respectivamente, que foram, juntos com Transportes, os principais fatores de alta em termos de impacto. Juntos, esses quatro grupos responderam por 89% da variação do índice cheio no mês. Na outra ponta, Artigos de residência variou -0,53%. Em Alimentação e bebidas, a alimentação em domicílio desacelerou frente a abril, enquanto a alimentação fora do domicílio acelerou. Em Habitação, a alta foi reflexo principalmente de reajustes de energia elétrica e tarifas de esgoto. Já no grupo de Transportes, além das passagens aéreas, houve também alta de 0,45% nos preços dos combustíveis. Finalmente, em Saúde e cuidados pessoais, a alta refletiu o reajuste de 0,77% nos planos de saúde e alta de 1,04% nos itens de higiene pessoal.

A média dos núcleos também acelerou no mês. Em abril, os núcleos avançaram 0,26%, com o resultado de maio indicando aceleração para 0,39%. Apesar disso, no acumulado em 12 meses, a média dos núcleos ficou estável, saindo de 3,53% em abril para 3,55% em maio.

Outro ponto de atenção é a reaceleração da inflação de serviço, que saiu de 0,05% em abril para 0,4% em maio. Parte dessa aceleração se deve à alta de quase 6% nos preços das passagens aéreas, ainda assim, a inflação de serviços subjacentes acelerou de 0,33% em abril para 0,41% em maio. Com esse resultado, as principais medidas de inflação de serviços aceleraram no acumulado em 12 meses , com a inflação de serviços saindo de 4,6% em abril para 5,1% em maio.

De modo geral, foi um resultado quantitativamente e qualitativamente ruim, que reforçará a postura de cautela do banco central. Com o câmbio pressionando e acumulado alta de 2% apenas em junho, o resultado deve contribuir para a continuidade da desancoragem das expectativas, assim como a incerteza fiscal, que aumentou a volatildiade nos mercados devido à ruídos na comunicação do ministro da Fazenda. De positivo, o resultado trouxe apenas a estabilidade na variação dos núcleos em 12 meses e do indicador de difusão, sendo assim, não vemos margem para início de uma discussão de alta na Selic, como já é precificado na curva de juros. Ao mesmo tempo, o espaço para cortes nos juros estão bem limitados, dado o contexto, portanto, esperamos que o Copom mantenha a taxa de juros nos atuais 10,5% pelas próximas reuniões e uma inflação oscilando ao redor de 4%, que é nossa estimativa para 2024.


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