Macroeconomia


Análise | IPCA | Junho 2023

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André Valério

Publicado 11/jul

IPCA de junho registra deflação de 0,08%

Foi a menor variação para um mês de junho desde 2017. O desempenho do índice reflete, principalmente, a queda nos grupos de Alimentação e Bebidas, e Transportes. O primeiro influenciado pela variação negativa em alimentação em domicílio e desaceleração na alimentação fora do domicílio, enquanto o grupo de Transportes refletiu a variação negativa nos combustíveis, após as reduções nos preços praticados pela Petrobrás. Juntos, esses dois grupos tiveram impacto negativo de -0,22 ponto percentual no resultado do mês. Destaca-se também a deflação em Artigos de Residência e Comunicação. Por outro lado, Habitação teve o maior impacto altista devido a reajustes tarifários da energia elétrica.

Com o resultado de maio, o acumulado nos últimos 12 meses deu continuidade à sua tendência de queda, de 3,94% para 3,16%, ficando abaixo da meta para a inflação de 2023. Além do resultado do índice cheio, outra boa notícia foi o comportamento do núcleo, que apresentou variação média de 0,20% em junho, mantendo a tendência de queda no acumulado dos últimos 12 meses. Além disso, o índice de difusão, que calcula o percentual de bens e serviços que apresentaram alta de preços durante o mês, recuou consideravelmente, de 56% em maio para 49,6% em junho.

Média dos núcleos volta a cair

As medidas de núcleos tiveram variação média de 0,20% em junho, desacelerando em relação à variação de 0,37% de maio. Com isso, a média móvel de 3 meses voltou a cair, indicando a tendência para os próximos meses. No acumulado em 12 meses, a queda foi mais acentuada, de 6,72% em maio para 5,99% em junho, indicando menores pressões inflacionárias.

A inflação de serviços em junho foi de 0,62%, acelerando frente a maio, quando a inflação do setor foi de 0,52%. Boa parte desse aumento se deve à elevação em quase 11% das passagens aéreas. Como as passagens aéreas são itens voláteis, também calculamos a inflação sem esses itens, e o resultado também foi positivo, com alta de 0,23%, abaixo dos 0,33% observado em maio. Isso sugere que o setor de serviços, que tem uma inflação tipicamente mais rígida, não tem sido fonte de pressão.

Alimentos e bebidas tiveram o maior impacto sobre a inflação de junho, retirando 0,14 ponto percentual do índice cheio. O resultado se deve principalmente ao recuo nos preços da alimentação no domicílio, que recuaram mais de 1%. Alimentação fora do domicílio desacelerou em junho frente a maio, também contribuindo para menor inflação do grupo.

De modo geral, o resultado de junho foi bastante positivo, mas o comportamento da inflação de serviços fica de alerta. Fica claro que a queda da inflação se deve em boa parte pela redução mais generalizada dos preços de bens industriais, em linha com o comportamento dos índices de preços aos produtores. Com o cenário posto, acreditamos que o Banco Central irá reduzir a taxa de juros na próxima reunião no dia 02 de agosto, dada a forte desinflação observada nos últimos meses e a redução nas expectativas de inflação, algo amplamente esperado pelo Banco Central para iniciar os cortes. Portanto, mantemos nossa visão de que o Copom irá iniciar o ciclo com um corte de 25 bps.


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