IPCA tem variação de 0,67% em junho
O IPCA de junho ficou em linha com nossa projeção de 0,65% e ligeiramente abaixo da mediana de mercado de 0,71%. A aceleração no mês em relação a maio, que havia sido de 0,47%, foi resultado de uma alta da alimentação, como esperado, e o fim do impacto da bandeira verde, que havia resultado em queda do grupo habitação em 1,7% no mês anterior. A inflação em junho mostrou uma disseminação menor, com a terceira queda seguida da difusão para 67%, mas a inflação de serviços em 0,9% segue elevada, bem como a média dos núcleos, que acumula 10,5% em 12 meses, e são pontos de atenção para os próximos passos da política monetária, que deve seguir com mais um aperto em agosto. O IPCA fechou o semestre com alta de 5,5%, mas deve ter uma desaceleração significativa no segundo semestre, encerrando o ano mais próximo de 7,7%.
Inflação de alimentos tem alta de 0,8%
A inflação de alimentos segue alta, mas a tendencia é de desaceleração. Alimentos em domicílio subiram 0,63% em junho e fora do domicílio a alta foi ainda maior, 1,26%, refletindo a elevação acumulada nos meses anteriores. Mas a queda das commodities agrícolas a partir de junho aponta para um alívio na inflação de alimentos nos próximos meses, mesmo sendo parcialmente compensada pela alta recente do dólar. O índice de commodities IC-Br do Banco Central teve queda de 0,95% em junho, sendo que o componente agropecuária caiu 2,27%.
Após queda de 0,51% em maio, monitorados voltam a subir 0,48% em junho
Com o fim do impacto da redução da bandeira tarifária, os preços monitorados voltaram a subir em junho. A principal alta no mês foi nos planos de saúde, com variação de 2,99%.Combustíveis como gás e diesel também voltaram a subir, no entanto, a aprovação da PLP 18 já surte efeitos em julho, com as reduções de ICMS nas tarifas de energia, telecomunicações e nos preços das gasolina nos postos. Com isso, o grupo monitorados deve ter queda de 3% em julho, contribuindo para o IPCA próximo de -0,4% no mês.
Inflação de serviços ainda não dá sinais de melhora
Apesar da menor difusão em junho, a inflação de serviços permanece alta em 0,9% no mês. O crescimento mais robusto do setor de serviços continua exercendo pressões inflacionárias nos preços do setor. Passagens aéreas tiveram nova alta forte, +11% no mês, mas outros serviços ligados a lazer também passam por novos reajustes. A variação de serviços acumula alta de 8,7% em 12 meses e deve seguir como ponto de preocupação para a autoridade monetária, devido à elevada defasagem de impacto da alta dos juros na demanda.
Pec dos Benefícios
Novos benefícios podem manter a pressão inflacionaria alta além de elevar a percepção de risco fiscal no mercado. Na contramão da política monetária restritiva, o governo deve aprovar novo pacote de benefícios, com elevações nas transferência de renda, o que pode pressionar a inflação nos próximos meses. Os estímulos ao consumo, resultado dos novos benefícios a serem aprovados, retardam a desaceleração da inflação nos próximos meses, enquanto a percepção de maior risco fiscal trás impacto no cambio e no mercado de juros. Essa pressão adicional deve impactar a decisão do Copom na sua próxima reunião em agosto, elevando a Selic novamente em 0,50 p.p. para 13,75%, mesmo em meio ao um cenário de desaceleração da inflação no curto prazo, devido às reduções de impostos. As incertezas para 2023 devem manter a política monetária em alerta, e os juros mais elevados por mais tempo.