IPCA de julho registra alta de 0,12%
Resultado veio acima do esperado pelo mercado, que era de 0,08%. O desempenho do índice reflete principalmente a alta de 1,50% do grupo de Transportes, que teve impacto de 0,31 p.p no índice cheio. Tal alta era esperada dada a recomposição dos impostos sobre os combustíveis. Por outro lado, esse avanço foi compensado pela deflação de 1,01% em Habitação e de 0,46% em Alimentação e Bebidas, que, juntas, tiveram impacto de -0,26 p.p no índice cheio. Habitação reflete o bônus Itaipu, que gerou desconto na conta de energia elétrica residencial ao longo do mês de julho, além do reajuste tarifário em São Paulo. Os demais grupos ficaram entre o -0,24% de Vestuário e o 0,38% de Despesas pessoais.
Com o resultado de julho, o acumulado nos últimos 12 meses voltou a acelerar pela primeira vez desde junho de 2022. O índice saiu de 3,16% para 3,99% em julho. Tal aumento era esperado uma vez que em julho de 2022 observamos deflação, portanto, o efeito base contribui para essa aceleração. Apesar disso, o qualitativo foi bastante positivo. A média dos núcleos registrou variação de 0,18%, mantendo tendência de queda no acumulado dos últimos 12 meses. Além disso, o índice de difusão, que calcula o percentual de bens e serviços que apresentaram alta de preços durante o mês, continuou a cair, registrando 46,2% em julho.
Média dos núcleos volta a cair
As medidas de núcleos tiveram variação média de 0,18% em julho, desacelerando em relação à variação de 0,20% de junho. Com isso, a média móvel de 3 meses voltou a cair, indicando a tendência para os próximos meses. No acumulado em 12 meses, a queda foi mais acentuada, de 5,99% em maio para 5,63% em julho, indicando menores pressões inflacionárias.
A inflação de serviços em julho foi de 0,25%, recuando de maneira intensa frente a junho, quando a inflação do setor foi de 0,62%. E a queda foi a despeito da alta das passagens aéreas, que avançaram quase 5% no mês. Com isso, a inflação de serviços excluindo passagens aéreas foi de 0,17%. Outro resultado positivo foi a desaceleração na inflação de serviços subjacentes, que foi de apenas 0,20%. Isso sugere que o setor de serviços, que tem uma inflação tipicamente mais rígida, também tem reagido à política monetária restritiva.
De modo geral, o resultado de junho foi bastante positivo, mesmo vindo acima do esperado. A dinâmica atual é consistente com a queda de 50 bps na Selic, realizada pelo Copom na reunião no início desse mês, e dá maior tranquilidade para a continuidade desse ritmo de cortes nas próximas reuniões, como antecipado pelo próprio Copom em seu comunicado. Se a atual dinâmica persistir, logo veremos condições para cortes mais intensos na Selic até o fim do ano, com cortes de 75 bps podendo ser precificados pelo mercado.