Macroeconomia


Análise | IPCA | Jul22

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Rafaela Vitória

Publicado 09/ago

IPCA tem maior deflação mensal da série histórica: -0,68%

O IPCA de julho ficou um pouco abaixo da nossa expectativa de -0,60%, impactado pela queda dos combustíveis e tarifas de energia. A forte queda nos preços de transportes, -4,5% e habitação, - 1,05% reflete a redução da cobrança do ICMS, mas também a queda da gasolina, com a menor cotação do petróleo no mercado internacional. Alimentação foi o destaque de alta, com 1,3% no mês, mas a queda dos preços agrícolas no atacado indica que a alta também deve desacelerar nos próximos meses. Em 12 meses o IPCA acumulado caiu de 11,9% para 10,1%.

Preços administrados tem queda de 4,35% no mês e alimentos sobem 1,3%

A redução dos impostos e a queda da cotação no petróleo foram os principais fatores para o reajuste negativo. A redução dos impostos foi pontual em julho, mas a queda da gasolina nas últimas semanas impacta ainda o IPCA de agosto, que deve novamente mostrar deflação.

Apesar da alta de 1,3% dos alimentos em julho, os preços no atacado já indicam redução na margem. O grupo leite e derivados foi um dos principais impactos de alta no mês, devido à sazonalidade. Mas a tendência de desinflação nos alimentos já aparece nos preços do atacado, com a queda das commodities agrícolas, principalmente cereais e óleo de soja.

Média dos núcleos e serviços também mostram desaceleração da inflação

As medidas de núcleo da inflação, que excluem os itens voláteis como gasolina e alimentos tiveram queda para 0,53%, o menor patamar desde jun/21. Em 12 meses, a média dos núcleos acumula 10%, mas a redução na margem mostra que a tendencia de desinflação vai além dos itens mais voláteis ligados às cotações internacionais e já reflete uma normalização da demanda e impacto da política monetária mais restritiva. O índice de difusão teve nova queda para 63%, o menor nível desde nov/21.

A inflação de serviços desacelerou para 0,8% e excluindo passagens aéreas, para 0,7%. O setor de serviços ainda apresenta inflação alta, reflexo da maior demanda do setor nos últimos meses com o fim das restrições impostas pela pandemia. No entanto, a normalização do consumo deve também aliviar as pressões inflacionárias nos próximos meses.

Ata do Copom indica fim de ciclo e tendência da inflação pode ser mais benigna

No cenário de riscos do Copom, a queda das commodities e impacto baixista na inflação pode ser maior que o esperado. O Copom indicou na ata da reunião de agosto que o aumento da Selic para 13,75% seria o último do ciclo de alta, mas o cenário ainda é de bastante incerteza e requer cautela nos próximos passos da política monetária.

O IPCA de julho, além do efeito da queda dos impostos, trás uma leitura mais benigna do processo de desinflação. Revisamos nossa projeção de para o ano para 6,5% em de 2022 e 4,7% em 2023, já considerando a volta parcial dos impostos nos combustíveis em janeiro, e convergindo para a meta em 3% em 2024. O Copom indica que a taxa de juros deve permanecer alta por um período “suficientemente” prolongado, mas a desinflação em curso pode indicar que no primeiro trimestre de 2023 podemos já estar discutindo a normalização dos juros.


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