IPCA tem deflação de 0,36% em agosto
O IPCA de agosto ficou um pouco acima da nossa expectativa de -0,40%. Apesar da deflação, a abertura dos dados ficou um pouco aquém do esperado, com núcleos em alta e repique na inflação de bens como artigos e vestuário. A variação negativa no mês foi puxada pela redução dos preços dos combustíveis, principalmente da gasolina, em -11%. A boa notícia foi a forte desaceleração da inflação de alimentos em domicílio, que havia sido de 1,47% em julho e caiu para 0,01% em agosto. Em 12 meses o IPCA acumulado caiu de 10,07% para 8,73% em agosto.
A inflação de serviços desacelerou de 0,8% para 0,28%, com impacto da redução nas passagens aéreas. Mas mesmo excluindo passagens, serviços subjacentes também apresentaram desaceleração no mês, ainda que marginal. Em 12 meses, o grupo serviços acumula alta de 8,7% e a expectativa é que siga um processo de desinflação mais lenta ao longo dos próximo ano e deve ser ponto de atenção para a política monetária.
Média dos núcleos tem ligeira alta
As medidas de núcleos tiveram variação de 0,66% em agosto, apesar de ainda em tendência de desaceleração, indicam ritmo de desinflação mais lento. A difusão também subiu de 63% para 65% em agosto e pode estar relacionada aos estímulos fiscais, com o aumento do pagamento do auxílio e reduções de impostos, juntamente com o mercado de trabalho mais aquecido.
Expectativa para o Copom
O comportamento da inflação em agosto não trouxe surpresas e deve confirmar a expectativa de manutenção da Selic em 13,75% na próxima reunião do Copom em setembro. Conforme adiantado pelos membros do Banco Central em falas recentes, o próximo Copom deve manter em seu comunicado um tom mais duro em relação às expectativas para os próximos passos da política monetária, afastando a discussão sobre redução de juros no curto prazo. Esperamos a manutenção da Selic e um comunicação indicando que as taxas permanecerão elevadas por um período longo. Após as eleições e confirmando o cenário de orçamento público sem crescimento significativo de gastos em 2023, a inflação deve seguir em tendência de queda, beneficiada pela redução das commodities no mercado internacional, além dos juros aqui em patamar bastante restritivo e a discussão sobre cortes da Selic pode se iniciar no final do primeiro trimestre de 2023.