Macroeconomia


Análise | IPCA | Abril 2024

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André Valério

Publicado 10/mai2 min de leitura

IPCA apresenta surpresa de alta

O IPCA de abril variou 0,38%, acima da expectativa de 0,35%. Apesar da surpresa de alta, a inflação acumula alta de 3,69% nos últimos 12 meses, abaixo dos 3,93% observados em março. De modo geral, o resultado foi positivo do ponto qualitativo, e não sugere nenhum sinal evidente de reaceleração da inflação.

Em abril, a principal alta veio do grupo de Saúde e Cuidados Pessoais, registrando variação de 1,16% e respondendo por 0,15 p.p do resultado cheio. A alta foi fruto do reajuste de 4,50% autorizado para os preços dos medicamentos. Outro grupo com destaque foi o de Alimentação e bebidas, com alta de 0,70% e impacto de 0,15 p.p. refletindo a aceleração nos alimentos no domicílio, que saíram de 0,59% em março para 0,81% em abril. Na ponta contrária, o destaque foi o grupo de Artigos de residência, com queda de 0,26%. O grupo de Transportes, por sua vez, teve alta de 0,14%, ante queda de 0,33% em março, e refletiu o aumento de 1,74% nos preços dos combustíveis, enquanto as passagens aéreas recuaram mais de 12%. Os demais grupos ficaram entre -0,01% de Habitação e 0,55% de Vestuário.

Apesar da surpresa de alta, o processo de desinflação continua. No acumulado em 12 meses a inflação manteve sua tendência de desaceleração, recuando de 3,93% para 3,69%, enquanto a média dos núcleos recuou de 3,79% para 3,53%.

Média dos núcleos variou 0,27%, acima do observado em março, quando avançou 0,15%. Entretanto, vemos a continuidade da desaceleração da média dos núcleos de 3 meses, que saiu de 0,36% para 0,31%, e se mantendo em patamar confortável. Além disso, o índice de difusão, que mede o percentual de bens e serviços que apresentaram alta de preço no mês, ficou estável pelo terceiro mês consecutivo, alcançando 57%, nível consistente com a atual dinâmica de desinflação.

Inflação de serviços indica alívio

A inflação de serviços recuou novamente em abril, para 0,05%. A inflação de serviços de abril foi amplamente influenciada pela queda de 12% nas passagens aéreas. Se retirarmos esse item do cálculo, a inflação teria sido de 0,28%, marginalmente abaixo do observado em março. Ainda assim, a inflação de serviços subjacentes desacelerou consideravelmente, saindo de 0,45% em março para 0,33% em abril, sugerindo que o setor de serviços não tem apresentado pressões inflacionárias preocupantes.

De modo geral, o resultado de abril foi positivo e sugere continuidade de uma dinâmica inflacionária benigna. Há de se ressaltar o fator sazonal dos reajustes dos produtos farmacêuticos, que irá dissipar nos próximos meses, entretanto, a reaceleração da inflação de alimentos é uma má notícia. Ainda assim, vemos a continuidade da desaceleração no acumulado em 12 meses tanto do índice cheio quanto dos núcleos, o que dá maior confiança no atual processo de desinflação. A inflação de serviços, mais resiliente, também mantém tendência de desaceleração e acumula alta de 4,6% nos últimos 12 meses, ante alta de 5,1% março. Apesar disso, o Copom optou por reduzir o ritmo no ciclo de cortes dos juros, devido à piora no cenário externo. Apesar dos membros do Copom não terem fornecidos pistas sobre os próximos passos, acreditamos que o comportamento da inflação continuará permitindo a continuidade do ciclo de cortes, havendo cortes adicionais de 25 pontos base, levando a Selic a 9,25% ao final de 2024.


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