Macroeconomia


Análise | IPCA | Abr 2023

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Rafaela Vitória

Publicado 12/mai3 min de leitura

IPCA de abril surpreende com alta maior que esperado, em 0,61%, e acumula 4,18% nos últimos 12 meses

O IPCA de abril registrou alta de 0,61%, acima da expectativa de mercado, que era de 0,55%. No mês, as principais pressões vieram do grupo de Saúde e cuidados pessoais, que desde o reajuste dos produtos farmacêuticos tem sido uma grande fonte de pressão altista. O grupo foi responsável por 30% da inflação observada. Na sequência, Alimentos e bebidas com alta de 0,71% e Transportes, com alta de 0,56%, foram as principais pressões, contribuindo com 0,15 p.p e 0,12 p.p, respectivamente.

Com o resultado de abril, o acumulado nos últimos 12 meses deu continuidade a sua tendência de queda, saindo de 4,65% para 4,18%. Qualitativamente, os resultados foram ruins. A média dos núcleos avançou de 0,36% para 0,51%, mas mantendo a tendência de queda no acumulado dos últimos 12 meses. Além disso, o índice de difusão, que calcula o percentual de bens e serviços que apresentaram alta de preços durante o mês, avançou de 60% em março para 66% em abril.

Média dos núcleos volta a subir em abril

As medidas de núcleos tiveram variação média de 0,51% em abril, acelerando em relação a à variação de 0,36% de março. Apesar disso, a média móvel de 3 meses ficou estável, não indicando uma retomada da aceleração dos núcleos. Observamos a continuidade na lenta queda do acumulado em 12 meses, que saiu de 7,78% em março para 7,32% em abril.

A inflação de serviços em abril foi de 0,52%,

voltando a acelerar após uma acomodação em março, quando registrou alta de 0,25%. Entretanto, o movimento de abril foi influenciado pela forte alta nas passagens aéreas, de 11,97%. Excluindo as passagens aéreas, a inflação de serviços cai para 0,33%, abaixo dos 0,35% observado em março. Isso sugere que o setor de serviços, que tem uma inflação tipicamente mais rígida, não tem sido fonte de pressão.

Perspectivas para os próximos meses

Apesar do resultado acima do esperado, o processo de desinflação se mantém. Para os próximos meses esperamos que a tendência persista. Dado que as principais pressões de abril vieram de produtos farmacêuticos, cuja alta foi aprovada no dia 31 de março, essa pressão deve se dissipar ao longo das próximas semanas. Além disso, a outra grande pressão veio de alimentos em domicílios, que é um item volátil e cuja pressão não deve persistir. De fato, observamos que o índice de commodities agrícolas, computado pelo Banco Central, está em tendência de queda nos últimos meses o que deve contribuir para uma pressão de baixa nos alimentos em domicílio.

O início do ciclo de cortes na Selic, no entanto, tende a ficar mais incerto. Dada a última reunião do Copom, que excluiu a possibilidade de queda em junho, tínhamos expectativa de início do ciclo de cortes na reunião de agosto. Esse cenário considerava que teríamos inflação vindo mais baixa, refletindo o cenário externo de queda das commodities e cambio valorizando. Entretanto, com o resultado atual, o espaço para o corte em agosto diminui, ficando condicionado a surpresas baixistas mais intensas nas próximas divulgações e, principalmente, à aprovação do arcabouço fiscal e subsequente impacto nas expectativas.


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