Inflação americana ao consumidor (CPI) se manteve em 0,4% em outubro, abaixo da expectativa
Após esgotamento do efeito deflacionário vindo da queda dos preços dos combustíveis, mercado contava com aceleração da inflação para 0,6%. No acumulado de 12 meses, o CPI desacelerou pelo 5o mês consecutivo e atinge 7,7%, menor valor desde janeiro desse ano, portanto, anterior à guerra na Ucrânia.
Excluindo alimentos e energia do índice, a variação do núcleo também surpreendeu, ao desacelerar para 0,3%, ante a expectativa de alta para 0,6%. Assim, no acumulado de 12 meses, a inflação do núcleo voltou cair, atingindo 6,3%. Esse resultado foi bastante positivo para a autoridade monetária americana, que na próxima reunião em dezembro deverá aumentar a taxa em 50 bps e sinalizar início do processo de desaceleração no ritmo de altas. No entanto, a taxa de juros precificada para o final desse ciclo de aperto monetário ainda permanece próxima a 5%, indicando que mais altas serão necessárias em 2023 para trazer a inflação de volta à meta.
Inflação de aluguel explica a maior parte da variação do mês
A variação do nível de preços de aluguel (+0,8%), um dos itens mais persistentes do índice, atingiu seu maior patamar desde agosto de 1990. Esse fato reflete a forte elevação nos preços atrelados aos imóveis observado ao longo de 2021 e no início desse ano. Contudo, sinais de desaquecimento do mercado imobiliário americano observados em alguns indicadores coincidentes sinalizam alta probabilidade de desaceleração da inflação associada a aluguéis no médio prazo, quando a recente redução do preço dos imóveis começarem a ser incorporados pelo CPI.
Excluindo aluguel, inflação de serviços desacelerou em outubro. Esse movimento é majoritariamente explicado pelo índice atrelado a serviços de saúde, que recuou 0,5% em outubro após subir 0,8% no mês anterior.
Preços de bens excluindo aqueles relacionado à energia e à comida recuaram 0,8% no mês. Tal movimento reflete, principalmente, a deflação observada em carros usados (-2,4%) e em vestuário (-0,7%). Por fim, após recuar durante três meses consecutivos, o índice de preços de energia variou 1,8% em outubro. A gasolina (+4,0%) é o principal item por trás desse movimento. Na ponta contrária, a inflação relacionada a gás natural (-4,9%), impactada pela redução no preço dessa commodity no mercado internacional, exerceu forte pressão baixista no item eletricidade, que recuou 1,2%.