Economia americana registra deflação de 0,1% em dezembro
O resultado veio em linha com a expectativa. No acumulado de 12 meses, o CPI continua seu processo de desinflação, e atinge 6,5%, menor valor desde novembro de 2021, portanto, anterior à guerra na Ucrânia.
Excluindo alimentos e energia do índice, a variação do núcleo também veio em linha com a expectativa, registrando alta de 0,3%. O resultado veio acima do mês anterior, mas no acumulado de 12 meses também se observar a continuidade do processo de desinflação, e o núcleo atinge 5,7%. O desempenho da inflação em dezembro coloca mais pressão sobre a autoridade monetária para uma redução mais incisiva no processo de aperto monetário. De fato, o consenso do mercado caminha para um ajuste de 25 bps na próxima reunião do Fed. Entretanto, convém lembrar, apesar do desempenho positivo em dezembro, a inflação ainda está bem distante da meta de 2% e o banco central se mostra bastante empenhado em levar a inflação a esse valor, logo, podemos observar uma redução no ritmo, ou até mesmo uma pausa, mas com a taxa de juros em patamar elevado por um longo período.
Inflação de energia explica a maior parte da variação do mês
Com queda de 4,5% em dezembro, inflação de energia impediu uma variação positiva do índice. Resultado foi consequência do forte recuo nos preços das commodities energéticas, que registrou variação de -9,4% no índice, mesma variação da gasolina. É o segundo mês consecutivo de deflação nos preços de energia.
Excluindo aluguel, inflação de serviços acelerou em dezembro, alcançando 0,4%. Esse movimento é majoritariamente explicado pelo índice atrelado a serviços de saúde e transporte. O primeiro saiu de uma deflação de 0,7% para uma inflação de 0,1%, enquanto o último de uma deflação de 0,1% para uma inflação de 0,2%.
Preços de bens excluindo aqueles relacionado à energia e à comida avançaram 0,3% no mês. Resultado acima do observado em novembro, mas em linha com a expectativa. Resultado influenciado principalmente por vestuário e habitação. Commodities não energéticas e não alimentícias apresentou recuo de 0,3%, em ritmo menor que o observado em novembro.
Potenciais impactos para a política monetária
O presidente do Fed pontuou que o comitê de política monetária americano acompanha de perto três componentes da inflação: bens, habitação e núcleo excluindo inflação de aluguel. A inflação de bens está bem distorcida devido à pandemia, e não é considerada uma pressão inflacionária estrutural, mas não deixa de ser uma boa notícia a normalização dos preços de bens. Habitação é um dos componentes mais defasados e ainda está pressionado, refletindo o aquecimento do mercado imobiliário observado no pós-pandemia. Por fim, o núcleo da inflação excluindo o aluguel é um componente que deve ser acompanhado de perto, devido a sua correlação com a inflação de salários.
O núcleo da inflação excluindo o aluguel tem mostrado forte desinflação
Isso sugere que as pressões inflacionárias vinda de componentes mais rígidos estão se dissipando. Portanto, o Fed pode ter maior confiança de que a inflação está de fato retornando à sua tendência pré-pandemia, o que abre espaço para a normalização da política monetária, reduzindo a incerteza no mercado.