Inflação americana surpreende com alta de 0,4% em setembro
Mesmo com a queda no preço da gasolina no mês, a inflação teve alta inesperada em setembro, principalmente em serviços. No acumulado de 12 meses, apesar de desaceleração marginal de 0,1 p.p., a inflação permaneceu bastante elevada em 8,2%.
Excluindo alimentos e energia do índice, a variação da medida de núcleo mensal foi de 0,6%, contra expectativa de 0,4%. No acumulado de 12 meses o núcleo voltou a acelerar e atingiu 6,6%, o maior patamar desde agosto de 1982. Tal leitura indica que o Fed deve permanecer mais hawkish com o objetivo de manter as expectativas ancoradas. Para a próxima reunião de novembro, um outro aumento de 75 bps já está precificado pelo mercado, e para a última reunião do ano, em dezembro, a probabilidade de um aumento na mesma magnitude aumentou. O mercado vê agora uma taxa terminal de 4,85% em março de 2023, acima do esperado pelo Fed nas projeções de setembro.
Inflação de serviços e alimentos explicam maior parte da variação
O nível de preços de aluguel (+0,7%), um dos itens mais persistentes do índice, já acumula alta de 6,9% em 12 meses. Em relação a alimentos, a inflação também surpreendeu e se manteve bastante elevada em 0,8%, mesmo patamar visto em agosto. Por fim, a inflação de serviços de saúde acelerou de 0,7% para 1%. Na soma, esses itens contribuíram com 4,2 p.p. da inflação acumulada no ano de 8,2%.
Desaceleração da inflação de bens e deflação de energia compensaram em parte alta dos preços serviços em setembro. O comportamento de bens é justificado principalmente por vestuário (-0,3%) e por veículos usados (-1,1%), cuja variação nos preços finalmente mostrou sinais mais forte de arrefecimento, mas ainda permanece elevada na comparação anual (+7,2%). Já em relação a energia (-2,1%), a queda do preço dos combustíveis fósseis associados ao petróleo é o principal fator que contribuiu para deflação do mês. Nesse sentido, destaque para o preço da gasolina, que já acumula queda de 21% nos últimos três meses.