Macroeconomia


Análise | Inflação | Maio.2025

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André Valério

Publicado 10/jun2 min de leitura

IPCA menor que o esperado

A inflação avançou 0,26% em maio, abaixo do esperado pelo mercado que era uma alta de 0,32%, e abaixo do observado em abril, quando o índice avançou 0,43%. Com o resultado, o índice acumula alta de 5,32% nos últimos 12 meses, abaixo dos 5,53% observados em abril.

Dos nove grupos pesquisados, dois apresentaram deflação no mês, o grupo de Transportes e Artigos de residência. Transportes recuou 0,37%, segundo mês consecutivo de deflação, impulsionado pela queda de 11% nas passagens aéreas e de 0,72% em combustíveis. A principal alta, como esperado, veio do grupo de habitação, com avanço de 1,19% refletindo a mudança na bandeira tarifária de energia elétrica, que saiu da verde para a amarela. A boa notícia foi a desaceleração no grupo de Alimentação e bebidas, que saiu de alta de 0,82% em abril para 0,17% em maio, menor resultado desde agosto de 2024, encerrando uma sequência de 8 meses de pressão nos preços dos alimentos. O recuo do grupo foi reflexo do recuo de itens como tomate, arroz e ovos, levando a um forte recuo na inflação de alimentos no domicílio, que saiu de 0,83% em abril para 0,02% em maio. A alimentação fora do domicílio também recuou, de 0,8% em abril para 0,58% em maio. Finalmente, o grupo de Saúde e cuidados pessoais teve alta de 0,54%, tendo o segundo maior impacto no índice no mês, refletindo ainda a alta nos produtos farmacêuticos, autorizados pelo governo no final de março.

Além do resultado quantitativo positivo, tivemos um bom qualitativo da inflação. O núcleo, medida que exclui os itens mais voláteis como alimentos e energia, desacelerou de 0,5% em abril para 0,3% em maio, o menor valor desde setembro de 2024. A inflação de serviços recuou entre todas as principais medidas, com exceção dos administrados, refletindo o aumento no custo da energia elétrica. A inflação de serviços cheia recuou na margem para 0,18%, enquanto a inflação dos serviços subjacentes, menos sensível à política monetária, recuou de 0,61% para 0,42%. Finalmente, o índice de difusão, indicador que mede o tamanho do processo inflacionário, recuou de 67% em abril para 60% em maio, menor valor desde novembro de 2024.

O resultado de maio sugere um arrefecimento maior que o esperado da inflação, em linha com o indicado pelo IPCA-15. A inflação de alimentos deve continuar perdendo pressão devido à sazonalidade, enquanto ainda se vê os preços das commodities perdendo força no mercado internacional, o que pode contribuir para novos cortes no preço da gasolina pela Petrobrás. Além disso, dado o aperto monetário, a direção é de arrefecimento na atividade, retirando pressão sobre a inflação de demanda. O resultado de hoje deve consolidar a expectativa de fim de ciclo de alta da Selic, apesar de ainda vermos uma alta residual de 25 pontos base como sendo provável, tendo em vista a declaração de membros do Copom nas últimas semanas.

Evolução do IPCA Mensal (%)

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