Macroeconomia


Análise | IGP-M | Set22

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Vitor Martins Carvalho

Publicado 29/set6 min de leitura

IGP-M registra deflação de 0,95% em agosto

Em linha com expectativa, leitura mostra deflação ainda maior em relação ao mês anterior, quando o IGP-M caiu 0,7%. Esse resultado é justificado, em maior medida, pela manutenção da tendência de baixa dos preços de commodities, que impactam, principalmente, o custo das matérias primas para os produtores, e pela queda dos preços dos combustíveis, cujos efeitos são sentidos de forma direta pelos consumidores, mas também se espalham por toda cadeia produtiva, afetando os preços de diversos produtos.

No acumulado de 12 meses, IGP-M caiu de 8,59% para 8,25% e manteve sua trajetória decrescente. Desde o pico de 37,1% em maio do ano passado, o IGP-M anual já reduziu aproximadamente 29 pontos percentuais, e a expectativa, revisada para baixo, é de que o índice termine 2022 em torno de 8%, após variações levemente positivas nos próximos meses.

Índice de preços ao produtor (IPA) tem queda expressiva

O IPA variou -1,27% em setembro, bem abaixo da variação de -0,71% em agosto. Na análise por estágio, a queda do índice se deve, principalmente, ao comportamento das matérias primas, que tiveram deflação de 1,84%, após queda de 0,63% no mês anterior. Os principais itens que contribuíram para esse resultado foram leite in natura, cuja inflação passou de 12,59% para -6,72%, e bovinos, cuja inflação caiu de -2,01% para -4,06%. Minério de ferro segue exercendo pressão baixista no índice, apesar da menor intensidade (passou de -5,76% para -4,81%).

Deflação de bens intermediários acelera para 1,47% em setembro. Resultado é justificado, majoritariamente, pelos combustíveis (-5,82%). Bens finais tiveram a menor viração entre os grupos, mas ainda ficou negativo 0,39% em setembro, comportamento explicado pelos alimentos processados (passou de -1,07% para -0,04%).

Após maior queda da série histórica em agosto, variação do IPC normalizou em setembro, mas segue em patamar negativo

O IPC apresentou queda de 0,08%. 6 dos 8 grupos que compõe o IPC apresentaram aceleração na taxa de inflação, com destaque para transportes, cuja variação passou de -4,84% para -2,93%, e habitação (-0,31% para +0,21%). O comportamento de ambos os grupos é explicado pela menor influência da redução do ICMS em itens como gasolina e energia elétrica no último mês.

Inflação de serviços acelera no mês. Itens como aluguel residencial (1,42%) e plano e seguro de saúde (1,15%) contribuíram para tal movimento. Vale destacar também a retomada da inflação de passagem aérea, que tem sido bastante volátil, e subiu 27,61% após cair 17,32% no mês anterior.

Na ponta contrária, inflação de alimentos desacelerou de forma expressiva. Grupo apresentou queda de 0,34%, ante alta de 0,44% no mês anterior, devido, principalmente a laticínios (-3,82%), e óleo de soja (-5,79%).

Custos na construção civil (INCC) desaceleram para 0,1%

Resultado veio um pouco acima da expectativa do mercado que projetava 0,03% no mês. Na análise por grupos, a queda do custo das matérias primas contribuiu para redução da inflação de materiais e equipamentos, que passou de 0,03% em agosto para -0,14% em setembro. Inflação de mão de obra e de serviços também desaceleraram (de 0,54% para 0,26% e de 0,68% para 0,34% respectivamente).

Expectativa para os próximos meses

A forte desaceleração econômica que estamos observando principalmente na China e no continente europeu é um fator que contribui para manutenção da tendência de queda dos preços das comodities, principalmente daquelas mais cíclicas associadas à construção e à indústria. Além disso, da mesma forma que vimos o impacto defasado do aumento do preço aos produtores na forte inflação aos consumidores observada desde o ano passado, a forte queda no custo das matérias primas continuará a ter um impacto baixista no IPC no curto e médio prazo. Esperamos, portanto, que as próximas leituras permaneçam em patamar mais baixo em relação ao que vimos no último ano.


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