IGP-M registra variação de -0,97% em outubro
Variação ficou abaixo da expectativa do mercado, que projetava deflação de 0,83%. Após três variações negativas consecutivas, o mês de outubro registrou a menor taxa de inflação do último ciclo. A deflação é resultado da tendência de baixa dos preços de commodities, que impactam, principalmente, o custo das matérias primas para os produtores, e pela queda dos preços dos combustíveis, cujos efeitos defasados podem ser observados ao longo de toda a cadeia produtiva.
No acumulado de 12 meses, o IGP-M registrou uma queda expressiva ao passar de 8,25% para 6,52%. Prospectivamente, é de se esperar manutenção do ritmo de queda, tendo em vista que o primeiro trimestre deste ano foi marcado por leituras mensais bastante elevadas, com uma inflação mensal média no período de 1,8%.
Inflação ao produtor (IPA) recua para - 1,44%
O IPA variou -1,44% em outubro, abaixo da variação de -1,27% em setembro. Na análise por estágio, a queda do índice se deve, principalmente, ao comportamento de bens intermediários, que registrou deflação de 2,17%, após queda de 1,47% no mês anterior. O principal item que contribuiu para esse resultado foi materiais e componentes para a manufatura, cuja inflação, por ser altamente correlacionada ao comportamento de commodities metálicas, passou de -1,47% para -2,17%.
Deflação de matérias primas acelera para 1,96% em outubro. As principais quedas foram do algodão (de 3,95% para -11,02%) e aves (de -0,72% para -4,58%). Minério de ferro também registrou pressão baixista no índice, porém, em menor intensidade (de -4,81% para –1,51%). Por fim, devido à aceleração da inflação de alimentos, bens finais variou 0,03%, após registrar deflação de 0,39% no mês anterior.
Após três leituras negativas, inflação ao consumidor (IPC) volta ao campo positivo
O IPC apresentou alta de 0,5% em outubro após ter acumulado queda de 1,5% no período entre julho e setembro. A principal razão por traz dessa movimentação é o arrefecimento do impacto da redução do ICMS, que influenciou principalmente o comportamento do preço dos combustíveis e o da energia elétrica.
Seis dos oito grupos que compõe o IPC apresentaram aceleração da inflação. O principal destaque do mês é Transporte, cuja variação, impactada pelo item gasolina, passou de -2,93% para -0,96%. Em seguida, a inflação de Alimentação, influenciada pelo preço das hortaliças e legumes, subiu para 0,57%, após ter recuado 0,34% no mês anterior. Vale citar também o comportamento de itens mais inerciais como condomínio residencial, cuja inflação aumentou de 0,12% para 1,86%, e contribuiu fortemente para aceleração dos preços relacionados ao grupo habitação.
Custos na construção civil (INCC) desaceleram para 0,04%
Repercutindo a redução no preço das commodities associadas à construção, item materiais e equipamentos registra deflação de 0,32%. Em contrapartida, a inflação de mão de obra aumentou para 0,31%, após variar 0,26% em setembro. Por fim, serviços manteve a taxa de variação do mês anterior, que foi de 0,34%. Nos últimos meses, a desaceleração da inflação da INCC contribuiu positivamente para manutenção do otimismo das empresas que atuam no setor, que tem estado em patamar elevado desde o início do ano.
Expectativa para os próximos meses
Os resultados relacionados à atividade econômica de países como a China e os EUA para o terceiro trimestre corroborou a expectativa de forte desaceleração internacional no investimento do setor imobiliário e no consumo das famílias, especialmente em bens duráveis. Esse fenômeno tem sustentado a tendência de queda no preço de algumas commodities, principalmente daquelas mais cíclicas, correlacionadas ao crescimento de setores como a indústria e a construção. O minério de ferro em outubro atingiu sua menor cotação desde fevereiro de 2020. Para os próximos meses, esperamos baixas leituras para o IPA, e maior influência desse índice de preços ao produtor no comportamento do IPC, principalmente a partir da variação de bens comercializáveis.