IGP-M registra variação de -0,56% em novembro
Variação ficou abaixo da expectativa do mercado, que projetava deflação de 0,38%. Já são quatro meses consecutivos de deflação, mas com a queda menos intensa registrada nesse mês de novembro. A deflação é consequência da tendência de baixa dos preços de commodities. Combustíveis deixaram de ser uma força baixista e voltaram a contribuir positivamente com o índice, com alta expressiva do subgrupo combustíveis e lubrificantes para a produção (de -5,67% para 0,83%) e do item gasolina no IPC, que passou de -3,74% em outubro para 1,58% em novembro.
No acumulado de 12 meses, o IGP-M registrou mais uma queda ao passar de 6,52% para 5,90%. Prospectivamente, é de se esperar manutenção do ritmo de queda, tendo em vista que o primeiro trimestre deste ano foi marcado por leituras mensais bastante elevadas, com uma inflação mensal média no período de 1,8%.
Inflação ao produtor (IPA) caiu 0,94%
O IPA variou -0,94% em novembro, acima da variação de -1,44% em outubro. Na análise por estágio, a queda do índice se deve, principalmente, ao comportamento das matérias-primas brutas, que registrou queda de 2,86% em novembro, abaixo da queda de 1,96% em outubro. Os principais itens que contribuíram para esse resultado foi o minério de ferro (-1,52% para -8,01%) e café em grão (-3,35% para -20,97%).
Deflação de bens intermediários desacelera para 0,11% em outubro. A principal contribuição partiu do subgrupo alimentos processados, cuja taxa passou de -1,04% para 0,01%. Bens finais subiu de 0,03% para 0,13% e Bens Finais (ex), que exclui os subgrupos alimentos in natura e combustíveis para consumo, variou 0,12% após queda de 0,24% no mês anterior.
Inflação ao consumidor (IPC) acelera em relação a outubro
O IPC apresentou alta de 0,64% em novembro após alta de 0,50% em outubro. Observa-se aumento generalizado, com cinco das oito classes de despesa com variação positiva. A principal contribuição partiu do grupo Transportes, cuja variação saltou de -0,95% para 0,79%, fruto do aumento de 1,58% da gasolina, que registrou variação de -3,74% em outubro. Em seguida, a inflação de Alimentação, influenciada pelo preço das hortaliças e legumes, subiu 0,83%. Vale citar o grupo de Saúde e Cuidados Pessoais, que apresentou variação de 1% e do item de passagem aérea, cuja inflação saiu de 16,07% para 2,07%. Esses resultados estão em linha com o que se observa no IPCA, por exemplo.
Custos na construção civil (INCC) aceleram para 0,14%
Repercutindo a redução no preço das commodities associadas à construção, item materiais e equipamentos registra deflação de 0,35%. Em contrapartida, a inflação de mão de obra aumentou para 0,53%, após variar 0,31% em outubro. Por fim, serviços manteve-se próximo à taxa de variação do mês anterior, variando 0,35%. Nos últimos meses, a desaceleração da inflação da INCC contribuiu positivamente para manutenção do otimismo das empresas que atuam no setor, que tem estado em patamar elevado desde o início do ano, mas que tem apresentado reversão recentemente devido às incertezas fiscais.
Expectativa para os próximos meses
O cenário externo continua delicado, em particular na China com a política de covid zero gerando protestos na população devido aos lockdowns restritivos. Aliado à expectativa de desaceleração da economia americana, observamos pressões negativas sobre no investimento do setor imobiliário e no consumo das famílias, especialmente em bens duráveis. Esse fenômeno tem sustentado a tendência de queda no preço de algumas commodities, principalmente daquelas mais cíclicas, correlacionadas ao crescimento de setores como a indústria e a construção, como, por exemplo, o minério de ferro que, em novembro, mais uma vez registrou forte deflação. Para os próximos meses, esperamos baixas leituras para o IPA, e maior influência desse índice de preços ao produtor no comportamento do IPC.