IGP-M registra 0,52% em maio
Leitura veio em linha com expectativa do mercado, e representa uma desaceleração significativa em relação à inflação de 1,41% no mês anterior. O indicador ainda apresenta bastante volatilidade, mostrando alta ante o IGP-10 de maio, que teve variação de 0,1%, em função da aceleração da inflação ao produtor e da construção civil. No ano, o IGP-M registra 7,54%, e acumula 10,72% em 12 meses.
Inflação ao produtor (IPA) tem alta de 0,45%
Número se compara à deflação de 0,1% observada no IGP-10 de maio e 1,4% no IGP-M de abril. Na análise por estágios de produção, vale destacar a elevação da inflação de bens intermediários de 0,89% para 1,4% entre o IGP-10 e o IGP-M atual. Em particular, o óleo diesel teve alta de 3,81%, refletindo a correção pela Petrobrás de 8,9% nos preços para as distribuidoras a partir do dia 10 de maio, enquanto o aumento do preço de adubos e fertilizantes acelerou para 8,6%. Esses dois itens possuem peso elevado na estrutura produtiva e podem gerar repasses aos preços ao consumidor nos próximos meses, embora devam ser amenizados pelos cortes recentes do IPI e do imposto de importação.
As matérias primas brutas tiveram deflação de 0,58% em maio. Essa tendência de queda recente, no entanto, pode ser revertida nas próximas divulgações. Por um lado, as commodities metálicas vem em queda desde o início de abril, o que se explica principalmente pelas perspectivas negativas para o crescimento econômico chinês, em particular na construção civil. Por outro, o cenário para as commodities agropecuárias e energéticas segue deteriorado. Caso a guerra no leste europeu se prolongue, a disrupção nos mercados pode conter um movimento de normalização dos preços desses itens, como se vê nos últimos meses, aumentando a pressão sobre os custos internos de combustíveis e alimentos.
Inflação ao consumidor (IPC) desacelera para 0,35% em maio
Leitura mostra queda em relação ao dado de 0,54% divulgado no IGP-10. A principal contribuição para esse movimento foi a atenuação da inflação de alimentos para 0,87%, além do impacto baixista da bandeira tarifária verde na energia elétrica.
No entanto, também existem riscos para a evolução do IPC no curto e médio prazo. Apesar da apreciação cambial recente, a gasolina na refinaria segue bastante defasada em relação ao preço internacional, o que aumenta a probabilidade de um reajuste nas próximas semanas. Além disso, a desaceleração observada para os alimentos pode ser pontual, dada a tendência de alta dos preços de fertilizantes e riscos para as próximas safras. Soma- se a esse cenário o reajuste de 15,5% aprovado pela ANS para os planos de saúde, que impacta o IPC em cerca de 0,55 p.p., além da inflação de serviços mais elevada.
Custos na construção civil (INCC) avançam em 1,49%
Resultado surpreendeu a expectativa do mercado, que projetava alta de 0,93% para o mês. Na análise por grupos, houve aceleração tanto de materiais, equipamentos e serviços, que atingiu 1,55%, quanto de mão de obra, que teve forte alta de 1,43%. Apesar dessa surpresa de alta, a queda das commodities metálicas nos últimos meses, somada da redução da tarifa de importação sobre insumos da construção civil até o final de 2023 e da apreciação cambial recente, são fatores que podem permitir a desaceleração das leituras do INCC no médio prazo.
Apesar dos riscos à frente, inflação acumulada pelo IGP-M desacelera e equipara ao desempenho do IPCA
IGP-M acumula alta de 10,7% em 12 meses enquanto o IPCA-15 está em 12,2%. Após o forte pico de alta dos bens industriais em 2021, o IGP-M segue em tendencia de desaceleração. Parte da alta nos custos ao produtor já se reflete nos preços ao consumidor, principalmente nos bens comercializáveis, energia e combustíveis. O forte choque nos preços relativos ainda deve resultar em novos aumentos em serviços nos meses à frente e a desaceleração da inflação ao consumidor deve ser mais lenta que o esperado anteriormente.