Macroeconomia


Análise | IGP-M | Jul22

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Vitor Martins Carvalho

Publicado 28/jul4 min de leitura

IGP-M tem alta de 0,21% em julho

Leitura ficou abaixo da expectativa do mercado, que projetava alta de 0,28% e representa uma desaceleração significativa em relação à inflação de 0,59% no mês anterior. O indicador ainda apresenta bastante volatilidade, tendo em vista que o IGP-10 de julho teve variação de 0,60%. Essa diferença é explicada majoritariamente pelo impacto mais da redução do ICMS nos preços dos combustíveis nas últimas semanas.

Com esse resultado, o acumulado de 12 meses caiu de 10,7% para 10,1% e manteve sua trajetória decrescente pelo 14o mês consecutivo. Desde pico em 37,1% em maio do ano passado, IGP-M anual já reduziu 27 pontos percentuais.

Inflação ao produtor (IPA) desacelera

No mês anterior, o IPA variou 0,21%, abaixo da variação de 0,30% de junho. Na análise por estágio de produção, esse resultado se deve exclusivamente ao comportamento observado em matérias-primas brutas, que apresentou deflação de 2,31% ante em julho. Os principais itens que que contribuíram foram o minério de ferro (-11,98%), algodão (-14,02%) e milho (-5,0%)

Vale destacar que o impacto de commodities metálicas - com destaque para o ferro - ainda está bastante relacionado à queda da demanda chinesa. As importações do minério lá caíram em 2021, depois que as siderúrgicas foram obrigadas a reduzir a produção para conter as emissões de carbono, e permanecem em trajetória descendente esse ano frente ao cenário de desaceleração do setor de construção e pelas políticas de combate ao COVID.

Por outro lado, impactado por itens mais voláteis, como combustível, a inflação de bens finais subiu para 0,69% contra 0,58% no mês anterior. Por fim, inflação de bens intermediários também acelerou de 0,85% para 2,0%, devido à alta do diesel.

Inflação ao consumidor (IPC) caiu 0,28% em junho.

O indicador teve forte desaceleração em relação a junho, que havia sido 0,71%. Esse movimento é explicado pelas políticas de redução de impostos ao consumidor recentemente adotadas. A gasolina (- 7,26%) e energia elétrica (-3,11%) foram os que tiveram maior influência no resultado. Esses itens são extremamente relevantes devido aos seus impactos nas expectativas da inflação futura por parte dos consumidores. Também vale ressaltar o item passagem aérea, que após registrar aumentos expressivos nos últimos meses, caiu 5,2% em julho, contribuindo para queda do grupo transportes.

Na ponta contrária, grupo alimentação foi o que exerceu maior pressão altista em julho. Após registrar alta de 1,47% ante 0,74% no mês anterior, a inflação de alimentos pode ser justificada principalmente pelo subgrupo laticínios (+11,16%), que tem sido impactado pela alta do preço do leite tipo longa vida (+21,83%). Além disso, cabe destacar o impacto altista do item plano e seguro de saúde (+1,17%), que manteve a trajetória de inflação ascendente observada nos últimos meses após a ANS permitir os reajustes.

Custos na construção civil (INCC) desaceleram para 1,16%

Apesar de queda frente à inflação de 2,81%, resultado ainda surpreendeu a expectativa do mercado, que projetava alta de 1% para o mês. Na análise por grupos, houve desaceleração tanto de materiais, equipamentos que atingiu 0,62%, quanto de mão de obra, que passou para 1,76% ante 4,37% no mês passado.

O que esperar da inflação no atacado?

A queda das commodities metálicas nos últimos meses, somada a redução da tarifa de importação sobre insumos da construção civil até o final de 2023 e a desaceleração da demanda externa frente ao cenário de aperto monetário das principais nações desenvolvidas são fatores que podem permitir a manutenção da desaceleração das leituras tanto do IPA como do INCC no médio prazo, o que por sua vez também contribui para o cenário de desinflação ao consumidor nos próximos meses, mesmo após passado o impacto pontual das medida de redução de impostos.


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