Macroeconomia


Análise | IGP-M | Dez22

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Rafaela Vitória

Publicado 29/dez5 min de leitura

IGP-M encerra 2022 com variação de 5,45%

O índice registrou alta de 0,45% em dezembro, abaixo da expectativa de mercado, que projetava alta de 0,54%. Com isso, o índice apresentou forte desinflação em 2022, saindo de 17,78% em 2021 para 5,45% em 2022. Após atingir o pico de 37% em maio de 2021, o IGP-M apresenta uma tendência contínua de queda, influenciada pela tendência de baixa nos preços de commodities e da redução dos impostos sobre os combustíveis e energia em 2022. Além disso, a apreciação do real ao longo do ano também contribuiu para a desinflação, tendo em vista que o indicador é bastante sensível à taxa de câmbio.

Em dezembro, o IGP-M mostra aceleração dos preços de alimentos importantes ao produtor e ao consumidor. No lado da produção, os maiores aumentos vieram do feijão, bovinos e óleo de soja. No lado do consumo, as maiores altas vieram dos alimentos in natura, com destaque para tomate e cebola.

Inflação ao produtor (IPA) subiu 0,47%

O IPA variou 0,47% em dezembro, acima da variação de -0,94% em novembro. A alta se deve principalmente pelo comportamento do estágio das matérias-primas brutas, que subiu 2,09% em dezembro, após queda de 2,86% em novembro. Os principais itens que contribuíram para esse resultado foram o minério de ferro (-8,01% para 16,32%) e café em grão (-20,97% para 0,40%) e bovinos (-2,20% para 1,55%).

Deflação de bens intermediários acelera para 0,30% em dezembro. O principal responsável por este movimento foi o subgrupo combustíveis e lubrificantes para a produção, cujo percentual passou de 0,83% para -2,26%. O índice de Bens Intermediários (ex), obtido após a exclusão do subgrupo combustíveis e lubrificantes para a produção, variou 0,13% em dezembro, ante queda de 0,32% em novembro. Bens finais apresentou deflação de 0,29%, após subir 0,13% no mês anterior. Bens Finais (ex), que exclui os subgrupos alimentos in natura e combustíveis para consumo, caiu 0,09% em dezembro, após alta de 0,12% no mês anterior.

Inflação ao consumidor (IPC) desacelera em relação a novembro

O IPC apresentou alta de 0,44% em dezembro após alta de 0,64% em novembro. A desaceleração foi generalizada, uma vez que cinco das oito classes de despesa registraram decréscimo em suas taxas de variação. A principal contribuição partiu do grupo Saúde e Cuidados Pessoais, cuja variação saiu de 1,00% para 0,37%, influenciado pelo comportamento do item de artigos de higiene e cuidado pessoal, cuja taxa passou de 2,03% para - 0,25%. Em contrapartida, os grupos Alimentação (0,83% para 0,99%), Comunicação (-0,32% para 0,48%) e Habitação (0,37% para 0,42%) registraram acréscimo em suas taxas de variação. Esses resultados estão em linha com o que se observa no IPCA, por exemplo.

Custos na construção civil (INCC) aceleram para 0,27%

Repercutindo o aumento no preço das commodities associadas à construção, item materiais e equipamentos registra alta de 0,37%, após queda de 0,35% em novembro. Em contrapartida, a inflação de mão de obra recuou para 0,16%, após variar 0,53% em novembro. Por fim, serviços também acelerou, variando 0,43%, após alta de 0,35% no mês anterior.

Expectativa para os próximos meses

A forte desinflação registrada no IGP-M em 2022 sugere que a inflação de bens não será problema para 2023. O cenário externo continua delicado, em particular com a incerteza sobre a reabertura na China após o fim da política de covid zero, que tem sido acompanhada de surtos de contaminação e mortes. Além disso, a expectativa é de desaceleração da economia global, especialmente da economia americana e europeia, adicionando pressões negativas sobre o investimento do setor imobiliário e no consumo das famílias, especialmente em bens duráveis. O risco altista para a inflação de bens é justamente uma reabertura bem-sucedida da economia chinesa, mas que geraria impactos na economia real a partir do segundo trimestre de 2023. Dessa forma, esperamos a continuidade na tendência de baixa nos preços ao produtor, gerando pressão baixista nos preços ao consumidor. Assim, o foco no combate à inflação se torna a inflação de serviços que, normalmente, é menos sensível à política monetária.


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