Macroeconomia


Análise | IGP-M | Ago22

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Vitor Martins Carvalho

Publicado 30/ago4 min de leitura

IGP-M registra deflação de 0,7% em agosto

Leitura veio melhor que as expectativas, que projetava variação de -0,54%, e representa uma desaceleração significativa em relação ao mês anterior. Esse resultado é reflexo, em grande parte, da queda do preço dos combustíveis, influenciado tanto pela redução do preço nas refinarias quanto pela redução do ICMS.

No acumulado de 12 meses, IGP-M caiu de 10,1% para 8,59% e manteve sua trajetória decrescente. Desde pico de 37,1% em maio do ano passado, IGP- M anual já reduziu aproximadamente 29 pontos percentuais, e a expectativa é de que o índice termine 2022 em torno de 9,5%, com variações levemente positivas nos próximos meses.

Inflação ao produtor (IPA) tem queda significativa

O IPA variou -0,71% em agosto, abaixo da inflação de 0,21% de julho. Na análise por estágio, a queda do índice se deve, principalmente, ao comportamento observado em bens finais, que apresentou deflação de 0,71%. Os principais itens que contribuíram para esse resultado foram combustíveis (-6,3%) e alimentos in natura (-0,12%).

Deflação de Matérias-Primas Brutas desacelerou de 2,14% em julho para 0,63% em agosto. Dentro desse grupo, minério de ferro (-5,76%) manteve tendência de queda, enquanto bovinos (-2,01%), café (-1,65%) e trigo (-4,99%) reverteram parcialmente altas nos últimos meses e apresentaram deflação em. Também influenciado por combustíveis, variação dos preços de bens intermediários desacelerou de 2% em julho para -0,76% em agosto.

IPC caiu 1,18% em agosto, maior deflação para série histórica.

O indicador teve forte queda em relação a julho, quando havia registrado variação de -0,28%. Esse movimento é explicado pela redução de impostos ao consumidor, que impactou, em maior intensidade, gasolina (-15,14%), etanol (-9,9%) e energia elétrica (-3,3%). Além disso, o processo de normalização do preço das passagens aéreas (-17,32%) apresentou um impacto significativo nessa última leitura.

Apesar de desaceleração em agosto, o grupo alimentação continua exercendo a maior pressão altista no IPC. Após registrar alta de 0,44% ante 1,47% no mês anterior, a inflação de alimentos pode ser justificada principalmente pelos laticínios, como leite tipo longa vida (9,27%), na ponta contrária, tomate (-17,81%) exerceu a maior pressão baixista nesse grupo. Por fim, cabe destacar a aceleração da inflação de saúde e cuidados pessoais (de 0,29% para 0,67%) e de despesas diversas (de 0,26% para 0,36%).

Custos na construção civil (INCC) desaceleram para 0,33%

Resultado surpreendeu a expectativa do mercado, que projetava alta de 0,56% para o mês. Na análise por grupos, a queda do custo das matérias primas contribuiu para redução da inflação de materiais e equipamentos, que passou de 0,62% em julho para 0,03% em agosto. Inflação de mão de obra também desacelerou de 1,76% para 0,54%, e serviços tiveram alta marginal de 0,49% para 0,68%.

Expectativa para os próximos meses

Frente à desaceleração econômica das principais economias importadoras de commodities, como a China, os EUA e a Europa, espera-se a manutenção do arrefecimento do preço das matérias primas, principalmente associadas às commodities metálicas. Somada a isso, a valorização recente do real e o impacto defasado da redução das barreiras tarifárias são fatores que irão contribuir para manter a inflação ao produtor e ao construtor em patamares mais baixos no curto e médio prazo.


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